O jovem Karl Marx estreia no Festival de Cinema de Berlim

O Festival de Cinema de Berlim, Berlinale, começa no próximo dia 9 de fevereiro. Esta edição é considerada uma das “mais políticas” até agora e, segundo o coordenador do festifal, Dieter Kosslick, o foco é a Europa. Um dos destaques da programação é a estreia do filme O jovem Karl Marx, do diretor haitiano Raoul Peck.

O Jovem Karl Marx - Divulgação

O festival também vai debater sobre o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a sua política. Já há tempos que a Berlinale é considerada o mais político dos grandes festivais de cinema. Muitos filmes serão inevitavelmente discutidos à luz dos recentes acontecimentos nos Estados Unidos, e isso vale não só para obras claramente políticas, como O jovem Karl Marx, mas para outros filmes que estarão em evidência este ano.

Segundo Kosslick, poucas vezes a seleção de filmes representou a situação política do momento de uma maneira tão precisa como este ano. "Ainda assim, é uma programação com muita coragem e autoconfiança, e há muito humor nos filmes", afirmou.

Abertura com Django

Este ano, o Festival de Cinema de Berlim vai exibir 24 filmes na sua mostra principal, e 18 concorrem aos Ursos de Ouro e de Prata. Na abertura será exibida a biografia musical Django, do diretor francês Étienne Comar, que conta a história do guitarrista de jazz Django Reinhardt.

Já o diretor Volker Schlöndorff apresentará Retorno a Montauk, sua versão de um conto do escritor suíço Max Frisch. Thomas Arslan estará presente com Helle Nächte (Noites claras), e Anders Veiel participará da mostra competitiva com Beuys, uma biografia do artista alemão Joseph Beuys.

Diretores famosos, como o finlandês Aki Kaurismäki, o britânico Danny Boyle e a polonesa Agnieszka Holland também estarão concorrendo ao Urso de Ouro. Há grande expectativa em relação à estreia na direção do ator austríaco Josef Hader. O Brasil será representado na principal mostra da Berlinale por Joaquim, do diretor pernambucano Marcelo Gomes.

Brasil nas mostras paralelas

A oferta também é ampla na mostra Forum, que foca no cinema político com elementos experimentais e não convencionais. Entre os 43 filmes selecionados há um grande número de produções do continente americano. Rifle, do diretor Devi Pretto, representa o Brasil. Produções do Marrocos e da Coreia do Sul prometem uma rara oportunidade de conferir o cinema de nações de filmografia não tão conhecida. Outra atração é a obra experimental argentina ORG, de três horas de duração e focada no escritor Thomas Mann. O filme teve poucas exibições desde sua estreia, em 1978.

Na mostra Panorama, dedicada a produções independentes e a segunda mais importante da Berlinale, são 51 selecionados e uma forte presença do Brasil, com cinco produções. São elas Como nossos pais, de Laís Bodanzky, No intenso agora, de João Moreira Salles, e o breve filme de animação Vênus – Filó, a fadinha lésbica, de Sávio Leite. A estes três se somam Vazante, de Daniela Thomas e coproduzida com Portugal, e Pendular, de Julia Murat e coproduzida com Argentina e França.

Já a mostra Retrospektive optou este ano pela ficção científica, como promete o título Future Imperfect. Science. Fiction. Film. "A Retrospektive foca na história do gênero e mostra mundos imaginários de países como Dinamarca, Japão, Polônia e Tchecoslováquia", explica o responsável pela mostra, Rainer Rother. Já a série Classics exibirá, entre outros, a produção israelense Avanti Popolo, de 1986, do diretor Rafi Bukaee. O filme é uma tragicomédia sobre o absurdo da guerra.