Altamiro Borges: Morre Marisa Letícia: tristeza e revolta!

A confirmação da morte cerebral de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, é muito triste e revoltante.

Marisa e Lula - Foto: Ricardo Stukert

Estive com ela em dezembro passado num belo jantar na residência de uma grande jornalista. Já tinha estado com ela em outras ocasiões mais formais – em solenidades e eventos políticos. Este foi meu primeiro contato mais direto, mais íntimo, com “dona” Marisa. O impacto foi muito positivo. Ela se mostrou uma pessoa carinhosa, risonha, cheia de histórias e com excelentes sacadas. Bem informada sobre o complexo quadro político, ela também não perdeu a oportunidade para aporrinhar Lula, demonstrando a sua enorme ascendência sobre o ex-presidente.

Durante a nossa longa conversa na varanda do apartamento, ela falou sobre o seu amor pelos animais – “adoro os bichinhos; eles me fazem bem”; deu detalhes minuciosos sobre o tal tríplex do Guarujá, que nunca teve o negócio concretizado – “tinha muitas escadas para dois velhinhos”; e também das suas comidas e bebidas preferidas. Quando o casal já se preparava para deixar o local do jantar, já no final da noite, teve início uma rodada de música popular brasileira. Ela voltou a se sentar no sofá e conteve o marido, que não escondia a soneira. Cantarolou algumas canções, sempre risonha.

Num raro momento de tensão na conversa, quando expressou tristeza no olhar, Marisa Letícia falou sobre a cruel perseguição a Lula e à sua família. Ela se mostrou indignada com a postura da mídia brasileira, que “não faz jornalismo, mas desinforma, mente e destrói a vida das pessoas. É uma imprensa criminosa, nojenta”. Ela falou sobre as provocações e o assédio aos seus filhos – “isto me deixa muito puta da vida”. E confirmou que esta cruel e desumana perseguição, com base em mentiras e distorções, resultava em abalos emocionais, em tensão permanente, em tristeza. “Fico doente com estas maldades.”

A sua morte é muito triste. Marisa Letícia merece muitas homenagens. Era uma guerreira, uma pessoa com a simplicidade e a generosidade do povo brasileiro. A sua família merece toda a solidariedade humana. Por outro lado, a sua morte é revoltante. Dá muito bronca dos jagunços da mídia burguesa, dos inescrupulosos golpistas da direita nativa, dos falsos justiceiros da Lava Jato, dos “midiotas” que torceram por este triste final, destilando seu ódio fascista nas redes sociais.