Luciana Santos: Dona Marisa foi a fiel expressão da mulher brasileira

A deputada Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB, somou-se aos milhões de pessoas que lamentaram a morte de dona Marisa e manifestaram solidariedade ao ex-presidente Lula. “Hoje é um dia de grande tristeza. Estamos solidários ao ex-presidente Lula e sua família nesse momento de tanta dor e sofrimento”, expressou.

Lula e Marisa

“Dona Marisa foi a fiel expressão da mulher brasileira. Simples, forte e altiva, teve uma vida dedicada a construir o sonho de um país mais justo. Ela nos deixa um exemplo de solidariedade, coragem, humildade, desprendimento e amor incondicional à sua família e à causa de um Brasil que dá oportunidade e dignidade a todas as pessoas”, completou Luciana em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (2).

Leia abaixo a íntegra da nota:

Esta quinta-feira (02/02/2017) é um dia de grande tristeza.

Dona Marisa Letícia, em sua simplicidade, força e altivez, foi expressão fiel da mulher brasileira. Ao lado dos cuidados com a família e administração do lar, dedicou sua vida a tornar realidade o sonho de um país mais justo. Ela nos deixa um exemplo de solidariedade, coragem, humildade, desprendimento e amor incondicional à família e à causa de um Brasil que dá oportunidade e dignidade a todas as pessoas.

Sua trajetória deixa marcas indeléveis que merecem ser observadas, respeitadas e incluídas nos relatos da nossa história, no legado que nosso tempo deixa às próximas gerações.

Ao ex-presidente Lula e sua família nosso abraço fraterno e solidário nesse momento de dor e sofrimento. Que lhes console o exemplo de resistência e força que ela nos deixa, e que na ausência da palavra confortadora e estimulante, a lembrança de dona Marisa seja motivação e força para enfrentar as lutas que estão por vir.

Marisa Letícia, Presente!

Luciana Santos
Presidenta nacional do PCdoB 

Uma trajetória de simplicidade e coragem

Marisa Letícia nasceu em 7 de abril de 1950, em São Bernardo do Campo, em uma família de imigrantes italianos. Aos 9 anos começou a trabalhar como babá, aos 13 anos se tornou operária em uma fábrica de chocolates onde trabalhou até os 19 anos. Depois, trabalhou no departamento de Educação da Prefeitura de São Bernardo do Campo.

Aos 23 anos, viúva e com um filho do primeiro casamento, conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos. Casaram-se no ano seguinte, em 1974. Lula se tornou pai de seu primeiro filho, Marcos Cláudio, e juntos tiveram outros três filhos: Fábio, Sandro e Luís Cláudio.

Conhecida pela discrição, Dona Marisa não só esteve presente ao lado de Lula desde sua militância no Sindicato dos Metalúrgicos, como foi protagonista de momentos importantes da luta dos trabalhadores. Em 1980, durante uma greve de operários, Lula foi detido e encarcerado no Deops. Dona Marisa esteve entre as líderes da famosa passeata das mulheres pela libertação dos trabalhadores. “Fizemos uma passeata das mulheres em 1980, quando os dirigentes sindicais estavam presos. Encheu de polícia. Os homens queriam dar apoio, mas dissemos não. Fizemos só com as mulheres“. (Marisa Letícia, em O Globo 09/08/2002).

Atenta ao momento político, organizou fundos de greve, fez o curso de Introdução à Política Brasileira, oferecido pela Pastoral Operária da Igreja Católica, foi ativa na fundação do Partido dos Trabalhadores. “A primeira bandeira do PT eu é que fiz. Tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte, guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca e ficou lindo. Minha casa era o centro. Foi assim que começou o PT” (Marisa Letícia, em O Globo 09/08/2002).

Para o universo da política, dona Marisa trouxe a simplicidade e a coragem dos que nasceram sob o signo da pobreza e da opressão. Esteve mobilizada em cada campanha e, de acordo com vários depoimentos de pessoas próximas ao casal, sempre foi a palavra de carinho, ânimo e encorajamento ao ex-presidente Lula, sobretudo nos momentos de adversidade. Como primeira dama será lembrada por ser amável e cordial. Sobre o período a jornalista Hildegard Angel escreveu junto artigo onde destaca: “Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país”.