Raduan Nassar, o melhor escritor brasileiro segundo The New Yorker

O escritor que trocou a literatura pela agricultura foi pauta da revista The New Yorker deste mês. A respeitada publicação estadunidense montou um perfil sobre o escritor Raduan Nassar, questionando por que o “melhor escritor brasileiro” parou de escrever.

Raduan Nassar - Divulgação

No texto, Alejandro Chacoff relembra a trajetória de Raduan e a entrevista com o autor dos romances Lavoura arcaica e Um copo de cólera, que foram traduzidos para o inglês recentemente e serão lançados nos Estados Unidos pela primeira vez.

Raduan nasceu no dia 27 de novembro de 1935, em Pindorama, no interior de São Paulo. A paixão pela agricultura tem origem familiar. Segundo Rafael Cariello, o pai do escritor, João Nassar, um cristão ortodoxo, trabalhou como lavrador no Líbano sob domínio do Império Otomano, antes de migrar para o Brasil com a esposa, em 1920. Chafika Nassar era, segundo o filho, uma criadora de mão cheia de galinhas e perus, e foi dela que veio seu gosto pela criação de animais.

Depois de 30 anos à frente de sua fazenda, em 2011, Nassar também se aposentou deste ofício. Ele doou o terreno de quase 640 hectares à Universidade Federal de São Carlos, com a condição de que elas servissem a um novo campus que facilitasse o acesso de estudantes de comunidades rurais.

Hoje, ele vive em seu apartamento em um bairro boêmio na zona Oeste de São Paulo e mantém uma pequena propriedade ao lado de sua antiga fazenda com o curioso nome de Retiro Feliz.

Conheça a obra de Nassar:

Lavoura arcaica

A história de um jovem do meio rural que resolve abandonar sua numerosa família do interior para ir morar em uma pequena cidade, fugindo, da vida da lavoura, da rigidez moral de seu pai e de sua paixão incestuosa pela irmã Ana.

Um copo de cólera

O protagonista narra o que acontece numa manhã qualquer, depois de uma noite de amor, quando a aparente harmonia entre ele e sua parceira se rompe de repente. O livro foi um dos 13 escolhidos para a longlist do prêmio Man Booker International 2016.

Menina a caminho

O livro contém quatro contos breves, sendo três do início da década de 70: “Hoje de madrugada”, “Ventre seco” e “Aí pelas três da tarde”. “Mãozinhas de seda”, o único texto inédito deste livro, é de 1996.