A China deu um salto no futebol em 2016

Do Oriente para competir com a tradição do desporto-rei na Europa, a China ocupa o quinto lugar no ranking de países que mais investiram em transferências internacionais. O negócio do futebol assumiu outras dimensões no país liderado por Xi Jinping, e já têm um clube três vezes mais valioso que o Benfica, o clube com maior avaliação em Portugal.

Oscar na China - Fonte: Sapo

 O relatório divulgado na sexta-feira (27) pela FIFA sobre as transferências internacionais em 2016, que engloba as seis confederações (UEFA (Europa), CONMEBOL (América do Sul), AFC (Ásia), CONCACAF (América do Norte, Central e Caraíbas), CAF (África) e OFC (Oceania)), mostra um mercado sem precedentes: 14 591 negócios completos. Mais 990 que em 2015, um recorde.

Mas o organismo que tutela o futebol a nível mundial deixou cair os holofotes sobre um país em particular: a China, que saltou diretamente para o ‘Top Cinco’ das transferências internacionais, com mais de 450 milhões de dólares investidos na contratação de jogadores. 17 vezes mais do que o valor gasto em 2013, que fixava o gigante asiático na 20.ª posição do mesmo ranking.

Para tal muito tem contribuído a chegada de várias estrelas ao oriente. De todas elas destaca-se o brasileiro Óscar, que chegou ao Shanghai SIPG, clube treinado pelo português André Villas-Boas, por 86,4 milhões de dólares.

Os russos também são destacados pela FIFA com um aumento de 383% em gastos com transferências, de 2015 para 2016.

O ranking é liderado pela poderosa Inglaterra que investiu mais de 2 bilhões de dólares em 2016. Foi um ano em que grandes nomes chegaram a terras de sua majestade, com o francês Pogba a ser o nome mais sonante, e caro.

Do primeiro ao quinto lugar, o top completa-se com a Alemanha, 576,4 milhões de dólares, Espanha, 508,7 milhões de dólares e Itália, 508,5 milhões de dólares.

No que toca às vendas, foram os espanhóis que mais faturaram em 2016, com 554,4 milhões de dólares, seguidos pelos italianos, 486,2 milhões e os franceses, com 453,8 milhões.

No final, as contas levam bastantes zeros, 4,7 bilhões de dólares circularam pelo mundo sob a forma de jogadores de futebol, e o cenário que fica é de uma modalidade cada vez mais globalizada, com 879 transferências a ocorrerem entre países que nunca tinham realizado um negócio.

Na China os números mais expressivos

O clube chinês de futebol Beijing Guoan foi comprado por uma construtora da China e passou a estar avaliado em 754 milhões de euros – quase três vezes mais do que o Benfica, o clube mais valioso de Portugal.

O Sinobo Land pagou 3,56 bilhões de yuan (481 milhões de euros), ao conglomerado estatal CITIC, por 64% do Guoan, segundo um comunicado publicado na quinta-feira (26) pela bolsa de Hong Kong, que detalha que a CITIC mantém a participação de 36% e que o clube será rebatizado Beijing Sinobo Guoan.

O quinto classificado na Superliga chinesa passa assim a valer 5,5 bilhões de yuan (754 milhões de euros), o equivalente a 2,6 vezes o valor do campeão português Benfica e mais do que os italianos do AC Milan, um dos clubes mais valiosos da Europa.

O Beijing Guoan não se sagra campeão desde 2009 e a melhor classificação que alcançou, desde então, foi o segundo lugar, em 2011, quando era treinado pelo português Jaime Pacheco.

Com sede em Pequim, sede de um município com mais de 21 milhões de habitantes, o Guoan joga no Estádio dos Trabalhadores, ícone da arquitetura socialista da capital chinesa, erguido em 1959 para celebrar o 10.º aniversário da China comunista.

O país asiático está a tentar limitar o montante gasto com a contratação de jogadores estrangeiros, depois de em 2016 os clubes chineses terem gastado 460 milhões de euros, cerca de três vezes o montante despendido no ano anterior.

Os clubes chineses, detidos na sua maioria por grandes firmas privadas e estatais, bateram por seis vezes o recorde da transferência mais cara no país, culminando com a contratação do brasileiro Óscar, pelo Shanghai SIPG, agora treinado por André Villas-Boas, aos ingleses do Chelsea.

No início do mês, o ministério do Desporto da China advertiu os clubes para os gastos "irresponsáveis".

Na semana passada, a Associação Chinesa de Futebol anunciou a redução do número de jogadores estrangeiros permitidos em campo por equipa de quatro para três.

Empresas chinesas compraram também participações em alguns grandes clubes europeus, como o Atlético de Madrid, os ingleses do Manchester City, ou os 'gigantes' de Milão.