Unegro participa destacadamente do Fórum Social das Resistências 

Entre os dias 17 a 21 de janeiro, a militância da União de Negros pela Igualdade (Unegro) participou das atividades do Fórum Social das Resistências que teve lugar em Porto Alegre, simbolizando o retorno do Fórum Social Mundial às suas origens no Brasil onde foi realizado pela primeira vez em 2001.

Por Angela Guimarães*

Unegro participa destacadamente do Fórum Social das Resistências - Reprodução/ Facebook

Contando com a mobilização de centenas de entidades dos movimentos sociais, partidos políticos de esquerda e Organizações Não Governamentais (Ongs), o Fórum teve como pauta central a reelaboração e reorganização das resistências sociais e populares aos ataques à democracia em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, bem como ao crescimento do fascismo e das manifestações de intolerância como o racismo, a xenofobia, o machismo, a Lgbtfobia, o ódio religioso, dentre outras expressões que acompanham a expansão do ultraliberalismo no mundo.

O Fórum foi momento privilegiado para a discussão de estratégias de reaglutinação dos movimentos populares na direção da resistência aos ataques aos direitos do povo e da classe trabalhadora no Brasil e em âmbito mundial. Em muitas plenárias foram repudiadas as medidas como a PEC 55 que congela por longos 20 anos os investimentos sociais no país, a PEC que destrói o Ensino Médio, o PL da Escola com Mordaça, a Reforma da Previdência, o crescimento da cultura do estupro e da violência contra as mulheres, bem como o recrudescimento do genocídio da juventude negra nas periferias e também nos presídios de todo o país. Desde a Marcha de Abertura até a marcha que finalizou o Fórum no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, a Unegro esteve em todos os momentos do Fórum!

A Unegro participou com destaque dos debates sobre o papel da esquerda da atual conjuntura e a unidade do Campo Popular que contou com as representações dos Partidos de esquerda PT, PCdoB e Psol e tratou da urgente necessidade da unidade das esquerdas sob um programa popular, democrático, anti-capitalista, que unifique os partidos junto ao povo. Neste debate chamamos atenção para a urgência de negras e negros, mulheres, população LGBT, indígenas e quilombolas, juventude, em conjunto com a classe trabalhadora, neste processo para que a esquerda não reproduza uma visão de ação pelo povo porém sem o povo, sobretudo os mais atingidos pelo avanço do ultraliberalismo. No terceiro dia denunciamos as violações aos direitos humanos da população negra no Tribunal de Julgamento do Estado Brasileiro pelos crimes de intolerância religiosa, racismo, feminicídio e genocídio da juventude negra promovido pelos povos tradicionais de Matriz Africana e ampliamos as relações de parceria na luta com estes segmentos.

O quarto dia do Fórum foi marcado pela nossa participação na reunião do Conselho Internacional que fez breve balanço desta edição e apontou os desafios para a edição do Fórum em 2018. Junto com os movimentos sociais subscrevemos e defendemos a proposta de realização do próximo Fórum Mundial em Salvador-Ba que foi acatado quase por unanimidade pelo Conselho no dia posterior.

Reflexões sobre a Conjuntura Política e as Resistências Negra, Feminista e Lgbt e seus desafios foram ainda alvos de debate junto com as entidades co-irmãs UNA Lgbt, UBM, UJS, Conam, Kizomba, Cebrapaz e várias outras. Nesta ocasião alem de reconhecer a dificuldade e os retrocessos por quais passa o Brasil, conseguimos estabelecer um calendário de lutas em unidade com os segmentos representados no debate. A Agenda é intensa, pois vai desde a resistência à Reforma da Previdência, passa pela luta contra a criminalização dos movimentos sociais, a luta contra a desregulamentação do mundo do trabalho e dos direitos da classe trabalhadora, contra o feminicídio e genocídio da juventude negra, a violência Lgbtfóbica, e a toda forma de intolerância que se expresse. Por fim tomamos mais uma vez as ruas de Porto Alegre no dia 21 para dizer não à intolerância religiosa!

*Angela Guimarães é  presidenta da União de Negros pela Igualdade (Unegro)