Comitê do Forum Social Mundial propõe agenda de lutas e reflexões

No penúltimo dia do Fórum Social das Resistências, que acontece em Porto Alegre desde a última terça-feira (17), o Comitê Internacional do Fórum Social Mundial se reuniu pela manhã no Hotel Embaixador, na atividade “A Construção de Mapas das Desigualdades como Instrumento de Transformação”. Na mesa, composta por representantes do Brasil, França, Estados Unidos, foi apresentado o documento “O mundo visto de baixo”, com a agenda de lutas, informes e reflexões propostas para o CI.

No 3° dia de Fórum das Resistências, comitê do FSM propõe agenda de lutas e reflexões - Sul/21

“Se o mundo mudou, o fórum também tem que mudar. Temos que apresentar a esquerda como uma nova opção”, declarou Pierre Beaudet, sociólogo canadense que apresentou o relatório. De acordo com Mauri Cruz, do Comitê Organizador do Fórum Social das Resistências e integrante do CI, “a reunião tratou de questões administrativas, mas foi feita a proposta de uma assembleia permanente dos movimentos sociais, que buscará mapear e viabilizar a participação deles no processo do fórum”. Neste sábado (21) o CI se reúne novamente para tratar mais especificamente do futuro do FSM.

Além do encontro no Hotel Embaixador, aconteceram durante toda a sexta-feira (20) dezenas de atividades autogestionadas, com temas como saúde pública, jornalismo, preservação do meio ambiente, educação, artesanato e economia solidária.

Provocações

Na tenda da CTB, no Parque Farroupilha, durante conversa sobre resistência negra, feminina e LGBT, participantes foram surpreendidos com a presença de dois homens que seriam ligados ao MBL. Sob gritos de “golpistas, fascistas, não passarão”, os homens, que se identificaram como Rafinha BK e Márcio Canibal, afastaram-se da tenda enquanto discutiam com os militantes. De acordo com Jussara Cony, que acompanhava o painel, “eles vieram provocar e intimidar duas meninas aqui. São reincidentes”, referindo-se ao episódio em ocupação da UFRGS.

Questionado pela reportagem, BK afirmou não ter nenhuma ligação com o MBL e disse que foi “fazer perguntas sobre feminismo”. Canibal, que vestia camiseta naturalizando o machismo, disse que este é um comportamento presente na natureza há centenas de milhares de anos e que “significa o macho proteger as companheiras e os filhotes e é um exemplo benéfico, mas as feministas ignoram estas evidências históricas”. “O Fórum Social das Resistências não é o lugar deles. Talvez Davos seja”, disse Jussara Cony. “Aqui, nós lutamos por um mundo civilizatório de paz. Eles representam a barbárie”, completou.

Após às 19h, começaram as apresentações culturais na Redenção. Enquanto a Banda Gira se apresentava no Complexo dos Povos de Matriz Africana, fazendo saudações a Oxóssi, em frente ao Araújo Vianna, o bloco de Carnaval feminista “Não Mexe Comigo Que Eu Não Ando Só” batucava próximo ao chafariz. O Clube de Cultura, localizado na Rua Ramiro Barcelos, recebeu o projeto Fronteiras Musicais, com a participação de Yone Mello, Demétrio Xavier e Felipe Azevedo. A festa Cumbia na Rua, com mais de mil confirmados no Facebook, fechou a programação cultural no penúltimo dia de Fórum Social das Resistências.