Mostra exibe filmes de diretoras negras em São Paulo 

A Mostra Motumbá – Memórias e Existências Negras começou em novembro e promove até março, no Sesc Belenzinho, zona leste de São Paulo, várias atividades que valorizam a representatividade de matrizes africanas e/ou periféricas na contemporaneidade. Entre sexta (20) e domingo (22), a programação reúne quatro curtas e quatro longas-metragens de diretoras negras de diferentes nacionalidades, na mostra A Magia da Mulher Negra, que tem curadoria de Kênia Freitas.

Mostra exibe filmes de diretoras negras em São Paulo - Reprodução

O primeiro filme a ser exibido, nesta sexta-feira, às 16h, é Cores e Botas, de Juliana Vicente, curta-metragem de ficção que conta a história de Joana, uma menina negra que, nos anos 1980, sonha em ser Paquita no show da Xuxa. Na sequência, o longa norte-americano Pariah, de Dee Rees, narra a saga da adolescente Alike, uma garota de 17 anos que é lésbica e vive no distrito do Bronx, em Nova York. Além de sofrer de baixa auto-estima, a adolescente passa por uma crise de identidade e precisa decidir entre expressar abertamente sua orientação sexual ou obedecer aos planos que os pais têm para ela.

No mesmo dia, às 20h, será exibido o documentário Caixa d'Água: Qui-Lombo é Esse?, de Everlane Moraes, que reúne depoimentos de antigos moradores do bairro Getúlio Vargas, em Aracaju, e apresenta os costumes quilombolas herdados dos antigos escravos. Por meio de 55 entrevistas, o curta resgata a resistência da comunidade em meio à urbanização desenfreada da cidade e a tentativa de preservar a oralidade e valorizar a cultura negra sergipana. Em seguida, é a vez do documentário Família Alcântara, de Daniel e Lilian Sola Santiago, sobre a resistência de uma família cujas origens remetem à bacia do Rio Congo e a preservação de suas raízes durante séculos de tradição oral, práticas e costumes tradicionais.

No sábado (21), às 16h, será exibido o curta ficcional O Dia de Jerusa, de Viviane Ferreira, que traz memórias de uma moradora do bairro do Bexiga (a Bela Vista, na região central de São Paulo) durante sua conversa com uma pesquisadora de opinião, com quem compartilha lembranças de tempos felizes. Depois, a programação traz Amor Maldito, primeiro longa dirigido por uma mulher negra e considerado o primeiro filme lésbico nacional. Dirigido por Adélia Sampaio, o filme lançado em 1984 retrata a relação entre a executiva Fernanda e a ex-miss Sueli, que se apaixonam e decidem morar juntas. Quando o tédio do relacionamento toma conta da ex-modelo, Sueli se envolve com um jornalista e fica grávida. Ao ser abandonada pelo amante, ela comete suicídio e Fernanda é acusada pela morte.

Às 20h, a curadora Kênia Freitas é a mediadora do bate-papo A Magia da Mulher Negra, que reúne cineastas de três gerações: Adélia Sampaio, Lilian Solá Santiago e Viviane Ferreira. A discussão deve abordar a criação feminina negra no cinema em seus aspectos políticos e estéticos, além de incitar a reflexão sobre a presença e a representatividade da mulher negra no audiovisual.

O último dia da programação traz, domingo, às 16h, os filmes Afronauts e A Noite da Verdade. O primeiro, um curta-metragem americano dirigido por Frances Bodomo, é inspirado em fatos reais e mostra a luta da Academia Espacial de Zâmbia, que espera chegar à lua antes da missão Apollo 11. O longa ficcional de Fanta Regina Nacro, A Noite da Verdade, mostra o acordo de paz entre dois grupos étnicos de um país africano fictício e a ameaça que ressentimentos trazidos à tona possam diluir a trégua.

Todas as sessões têm entrada gratuita, com retirada de ingresso com 30 minutos de antecedência. A programação completa das mostras Motumbá – Memórias e Existências Negras e A Magia da Mulher Negra pode ser conferida no site do Sesc Belenzinho.