Na surdina, Alckmin fecha creche da USP e funcionários ocupam o local

O governador Geraldo Alckmin aproveitou o momento das férias para promover, em conjunto com a reitoria da Universidade de São Paulo (USP), o fechamento da creche que atende 100 crianças. Funcionárias e funcionários do estabelecimento de ensino foram surpreendidos, às 13h de segunda-feira (16), com um informe de que um caminhão de mudança retiraria todos os móveis e equipamentos do edifício.

Na surdina, Alckmin fecha creche da USP e funcionários ocupam o local - Reprodução

Após a informação de que a creche encerraria suas atividades, funcionários resolveram promover uma ocupação política no local. Leia a nota abaixo que detalha a importância da permanência da creche:

Nota da ocupação da creche pré-escola oeste da USP

Escrevemos agora de dentro da Creche Pré-Escola Oeste da Universidade de São Paulo, lugar que estaria, neste momento, pelas ordens da Reitoria da USP, fechado e desmontado. Funcionárias e funcionários do estabelecimento de ensino foram surpreendidos, às 13h de segunda-feira (16), durante suas férias, com um informe de que um caminhão de mudança retiraria todos os móveis e equipamentos do edifício, a partir das 14hs daquele mesmo dia. Frente à ameaça de despejo e à falta de diálogo, mantemo-nos aqui mobilizados.

Ao fechamento desta creche, que comporta mais de 100 crianças, dizemos NÃO! Essas crianças NÃO FICARÃO SEM CRECHE. A USP, que também somos nós – a despeito da política do Reitor Zago e do governo do Estado – não ficará sem creche. A ocupação deste espaço foi nossa última alternativa para manter seu funcionamento.

O ato político da ocupação busca preservar um programa modelo de educação infantil, reconhecido internacionalmente. Preserva o direito das crianças à educação; o direito de suas mães e pais a estudarem; o direito das funcionárias e funcionários ao trabalho e ao reconhecimento como educadoras e educadores. Preserva o caráter público da universidade, ao garantir o acesso à educação às filhas e aos filhos de sua comunidade, tendo em vista a falta de vagas no sistema público municipal de ensino. Preserva a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, congregando profissionais, estudantes e pesquisadores de diversas unidades da universidade e recebendo milhares de visitas externas. Preserva o patrimônio material e imaterial da USP, ao defender 35 anos de experiência em educação infantil.

Não foi por nada disso que a Reitoria zelou ao decretar, sumariamente, o despejo da Creche Oeste, de maneira autoritária e irresponsável, sem planejamento nem discussão. A ordem vem após a decisão do Conselho Universitário (CO) de ocupar as vagas ociosas do sistema de creches da USP. Essas vagas passaram a existir desde que foi proibida a entrada de novas crianças, no início de 2015, sem justificativa, no estabelecimento. A decisão do Conselho foi uma dura derrota para Zago que pretendia fechar rapidamente as creches com a saída das últimas crianças. Assim, pretende agora manipular a decisão do CO, retirando vagas ao desmontar todo o edifício. Não aceitaremos tal manobra.

A derrota de Zago não veio de graça. É fruto de dois anos de luta direta contra o desmanche do programa, além de uma luta histórica pelo reconhecimento das professoras como profissionais de educação (hoje seu enquadramento é de “técnicas de apoio educativo”). Zago, nesse ponto, não cumpriu determinação da justiça de reconhecer as profissionais. Respondeu com o fechamento das creches e com o ataque à toda rede de assistência social da USP (Hospitais, Restaurantes e Moradia) – denominando-a “penduricalho”. É todo um modelo de universidade que está sendo implantado, à revelia de sua comunidade e dos interesses da sociedade. Ao longo dos dois últimos anos, pedimos diálogo, entramos na justiça, acionamos a ouvidoria da USP e a Assembleia Legislativa, fizemos relatórios técnicos, atos de protesto e conversas com cada congregação, conseguimos inúmeras moções de apoio das unidades da USP, lutamos para inserir a pauta no CO… Hoje, temos a comunidade uspiana a nosso favor, como demonstra a decisão do Conselho. Ainda assim, a Reitoria permanece intransigente e cada vez mais truculenta.

Nossa reivindicação com esta ocupação é bastante simples: Queremos que se cumpra a decisão do CO: que as vagas ociosas, existentes no momento da decisão (157) sejam ocupadas, o que implica no retorno das crianças matriculadas na Creche Oeste ao seu local de origem e a entrada de novas crianças em todas as cinco unidades de creches da USP. Para isso, precisamos que a Reitoria abra diálogo. Queremos transparência e democracia! Queremos a retirada da ameaça de despejo da Creche Oeste imediatamente.

Contamos com o apoio de todos os defensores da educação pública, trabalhadoras e trabalhadores da educação, pais e crianças, para se somarem à organização de mais esta luta!

Ocupação Creche Aberta