Oposição à Assad participará de negociações de paz na Síria

A oposição síria afirmou que participará das conversas de paz sobre a Síria em Astana, no Cazaquistão, previstas para 23 de janeiro, segundo declarações do grupo armado ELS (Exército Livre Sírio) e do negociador-chefe do Alto Comitê de Negociações (HNC, na sigla em inglês) nesta segunda-feira (16).

Rússia acusa oposição síria de comprometer missão humanitária da ONU em Aleppo - Foto: AFP 2016/ BARAA AL-HALABI

O comandante-chefe do ELS, o general Albay Ahmed Berri, disse que os grupos opositores apresentaram uma série de condições para participar das negociações, e que tanto a Turquia como a Rússia ofereceram garantias de que as cumpririam.

Berri ainda disse à Agência Efe que “o ELS liderará a delegação opositora e participará da conferência de Astana”. A Reuters, por outro lado, afirmou que a delegação conjunta da oposição síria será presidida por Mohamed Alush, um dos dirigentes do grupo Yeish al Islam e negociador-chefe do HNC durante as negociações de paz em Genebra, no ano passado, que fracassaram.

“Todos os grupos opositores irão a Astana. Todos concordaram”, disse Alush, que considera a conferência em Astana um “processo para terminar com o derramamento de sangue pelo regime e seus aliados”. “Queremos terminar com essa série de crimes”, afirmou, em referência às violações do cessar-fogo denunciadas pelos grupos armados e ONGs internacionais.

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, por sua vez, disse na semana passada que seu governo está pronto para negociar "tudo" no Cazaquistão. Na ocasião, ele questionou “quem estaria do outro lado” nas negociações. “Será uma oposição real síria? – e quando eu digo ‘real’ quero dizer que tenha de fato suas raízes na Síria, não na Arábia Saudita ou na França ou no Reino Unido”, declarou o presidente em relação ao apoio destes países aos grupos armados que se opõem a seu governo.

Zakaria Malahifji, um dos líderes de outro grupo opositor, o Fastaqim, afirmou que o cessar-fogo será o principal assunto a ser debatido na conferência, além de ajudas humanitárias e liberação de presos, mas assuntos políticos mais amplos serão evitados durante a reunião em Astana, que contará com representantes da Rússia, Turquia e Irã.

Segundo o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Trump, também teria sido convidado a participar da reunião, depois de ter sido excluído das negociações durante o mandato de Obama. A ONU também foi convidada a participar, disse Cavusoglu.

As negociações fazem parte do pacote de iniciativas da Rússia, que apoia o governo sírio, e da Turquia, a favor da oposição, celebradas na resolução 2336 do Conselho de Segurança da ONU sobre a nova trégua na Síria, em conflito há seis anos. A medida também estabeleceu um cessar-fogo ao conflito, em vigor desde o dia 30 de dezembro, mas não inclui o Estado Islâmico e a Frente al Nusra, por serem consideradas organizações terroristas.

Após o término da rodada de conversas de paz em Astana, mais centrada nos grupos armados, o próximo passo será em Genebra, na Suíça, onde uma reunião para discutir as negociações políticas está marcada para o dia 8 de fevereiro.