Penélope Toledo: Logo ela, a Copa do Mundo!

Copa do Mundo é tão gostoso, que dá vontade de que não acabe nunca. Os melhores jogadores do planeta se enfrentam, a multiplicidade cultural se espalha pelas arquibancadas, é carnaval a cada esquina. Mas aí vem a Fifa e, adivinhem, dá um jeito de estragar.

Futebol - Foto: Torcedores.com.br

 A entidade máxima do futebol aprovou um inchaço: a partir de 2026, serão incorporados 16 novos países, chegando a um total de 48 equipes. A mudança mexe no regulamento, que passa a ter 16 grupos de três times, sendo classificados para a fase seguinte, dois de cada chave – no caso de empate, pênaltis.

A maior mudança

É a maior mudança na história da Copa do Mundo, que começou com apenas 13 seleções, em 1930, no Uruguai. Foram 7 da América do Sul, 4 da Europa e 2 da América do Norte, todas a convite.
A última modificação havia sido em 1998, na França, com o aumento de 24 para 32 seleções participantes e a adoção do formato atual de competição – uma fase de grupos, seguida por fases de eliminação.

Na ocasião, houve uma surpresa, a Croácia, que terminou em terceiro lugar após derrotar a Holanda e que teve o artilheiro, Suker, com seis gols.

Copa do Mundo mais inclusiva?

O argumento da Fifa é tornar a Copa mais inclusiva. Resta saber inclusiva para quem, pois o aumento no número de competidores eleva o custo do evento, já que são mais seleções para serem alocadas, mais público demandando infraestrutura e mais jogos.

Vale ressaltar que a competição foi realizada no continente africano uma única vez e após 80 anos da primeira edição, que foi em 2010, na África do Mundo.

Além disto, mais participantes não significa distribuição das conquistas. Desde 1930, apenas oito países conquistaram a taça: Uruguai (1930, 1940), Itália (1934, 1938, 1982, 2006), Alemanha (1954, 1974, 1990, 2014), Brasil, (1958, 1962, 1970, 1994, 2002), Inglaterra (1966), Argentina (1978, 1986), França (1998) e Espanha (2010).

Teme-se, ainda, pela queda no nível técnico, com a inclusão de seleções em níveis inferiores à média das participantes.

É preciso desmistificar

Como e vê, incluir não quer dizer democratizar. Aumentar o número de participantes pode, paradoxalmente, diminuir o número de países com condições financeiras para sediar um evento desta magnitude. E isto, sem desconcentrar os títulos das mãos dos mesmos.

A verdade é que a decisão da Fifa é política, pois agrada mais a alguns países e federações, do que propriamente contribui para a melhoria do futebol. Fora que deve proporcionar lucro, com uma elevação em mais de 10% na receita.

Inchado dos campeonatos, mercantilização e politicagem não são novidades para quem acompanha o futebol de clubes. No dia a dia dos gramados, o que não faltam são calendários exaustivos, com excessos de clubes e de jogos, provocando lesões e queda no rendimento tático dos jogadores.
A torcida? Ah, a torcida paga o ingresso. Só isso. Definitivamente, a Fifa e demais federações não estão preocupadas com ela.