Novo secretário de Juventude do governo Temer é réu por improbidade

O maranhense Assis Filho (PMDB) será o novo secretário Nacional de Juventude do governo Temer em substituição a Bruno Júlio, afastado do cargo após ter declarado “tinha era que matar mais presos” no auge da crise no sistema penitenciário do Amazonas. No entanto, Assis Filho, que já foi assessor da ex-governadora Roseana Sarney, vai assumir o cargo envolto em uma série de irregularidades. Pesam contra ele acusações de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa, quando Assis era funcionário da Prefeitura do município de Pio XII, sua cidade natal.

Tramita na Justiça processo que acusa Assis Filho de ter sido funcionário fantasma no município. Segundo denúncia do Ministério Público, Assis exerceu seis funções na Prefeitura de Pio XII em apenas quatro meses. De acordo com o MP, ele teria recebido sem trabalhar. Em agosto de 2016, a Justiça mandou bloquear os bens de Assis Filho. Para o MP, ele e outras 47 pessoas podem ter causado prejuízo de R$ 2,5 milhões aos cofres municipais com pagamentos a funcionários fantasmas.

Fiel aos membros do grupo Sarney, o novo secretário nacional de Juventude ficou famoso por ter participado de atos contra o lançamento do livro “Honoráveis Bandidos”, do jornalista Palmério Dória, obra crítica ao legado deixado pela oligarquia Sarney no Maranhão e no país.

Mais fraudes

Em 2015, Assis Filho teria fraudado seletivo da própria Secretaria Nacional de Juventude, quando na época, a pasta abriu uma seleção que escolheria 100 gestores da área para receber apoio financeiro a fim de participar do III Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, organizado pela Frente Nacional de Prefeitos, entre os dias 7 e 9 de abril daquele ano.

Na inscrição, Assis Filho informou ser secretário de Cultura e Juventude de São Luís, capital do Maranhão, cargo que nunca ocupou.

“Boquinhas” para o grupo Sarney

Com sua posse na Secretaria Nacional de Juventude, prevista para acontecer na próxima segunda-feira (16), Assis Filho deixa a superintendência regional Norte Nordeste da EBC, Empresa Brasil de Comunicação. Em seu lugar quem assume o posto é Anna Graziella Santana Neiva Costa, outra “queridinha” do grupo Sarney, que exerceu, entre outras funções, o cargo de secretária-chefe da Casa Civil durante a gestão da ex-governadora Roseana.

Segundo o jornal O Globo, os Sarney teriam articulado “em um mesmo pacote” as nomeações de Assis Filho e Anna Graziella. Ainda de acordo com O Globo, Anna Graziella vai dispor do vultuoso salário de R$ 25 mil ao assumir a EBC Nordeste.

As nomeações dos dois membros da oligarquia revelam que tanto José Sarney quanto sua filha exercem forte influência política e gozam de privilégios no governo Temer, mesmo sem mandato desde 2014.