Celia Sánchez: a flor da revolução cubana

 Ontem escrevi um texto e publiquei aqui no Portal Vermelho, na seção dos estados, intitulado “Janeiro: três grandes fatos que marcaram a história de Cuba”.  Cometi um grande erro ao relatar três grandes fatos e não quatro, como deveria ter sido. Lamentável e imperdoavelmente me esqueci de incluir a data de 11 de janeiro, quando  há 37 anos, 21º da revolução,  morreu Celia Sánchez Manduley, denominada por Fidel como “a flor mais autóctone da revolução”.

Bandeiras BrasilxCuba

 Claudio Machado*

Fidel assim a chamava pelo fundamental papel que teve durante a guerra revolucionária, na construção do socialismo e também, por certo, por ser amante da natureza, em especial das flores nativas, para as quais cultivava belíssimos jardins.

Mas Celia era, ao mesmo tempo,  uma revolucionária dedicada e corajosa. Foi uma das fundadoras do Movimento Revolucionário 26 de julho (M-26/7) e embora não tenha participado do assalto ao quartel  Moncada, teve um destacado papel  logo depois do massacre, quando engajou-se ativamente na campanha financeira para ajudar os prisioneiros e suas famílias.

Juntamente com Frank País  (um dos líderes do M-26/7, assassinado em 30 de Julho de 1957, na cidade de Santiago de Cuba) Célia organizou o movimento na região oriental, criando uma rede de apoio à guerrilha liderada por Fidel em Sierra Maetra. Se o Granma tivesse desembarcado no local combinado, lá teria encontrado Celia Sánches com dezenas de homens, veículos e infraestrutura necessária à organização inicial de guerrilha. Mesmo assim, foi essa rede organizada por ela – com intenso trabalho de mobilização, organização e conscientização popular –  que contribuiu determinantemente para que os 12 sobreviventes da expedição que contava inicialmente com 82 combatentes, pudessem se estabelecer e  a partir daí organizar, como o apoio popular no campo e na cidade, um exercito rebelde capaz de derrotar a sanguinária ditadura de Fulgencio Batista.

Celia foi a primeira guerrilheira da Sierra Maestra, tendo se incorporado ao exercito rebelde em maio de 1957. Na guerrilha, além de valorosa combatente, tornou-se auxiliar do Comandante Fidel Castro e uma espécie de guardiã da história do movimento guerrilheiro, algo como a memória viva da guerrilha, pois tinha o hábito de guardar todos os documentos, papéis, anotações, palavras e discursos de Fidel. A partir daí tornou-se auxiliar direta de Fidel, até sua morte.

Se destacou como guerrilheira e combatia em pé de igualdade com os homens. Dentre outras ações, participou da primeira grande vitória do exército rebelde sobre as forças da ditadura, que foi o ataque ao Quartel Uvero.

Era membro do Comitê Central do Partido Comunista Cubano e ao longo de sua vida se destacou como defensora e difusora da história e todas as formas de manifestação da cultura cubana.

Em homenagem à grande revolucionária, a casa que a viu nascer  hoje dá lugar ao Museu da Casa Natal de Celia, onde estão disponíveis objetos, documentos e fotos que guardam sua memória para a posteridade.

*Claudio Machado é secretário estadual de comunicação do PCdoB do Espírito Santo e coordenador do núcleo capixaba do Barão de Itararé.