A sensatez começa a chegar à oposição síria

Depois de cinco anos de uma brutal guerra imposta à Síria, diversos dirigentes oposicionistas retornam à sensatez e se deslindam da atuação extremista dos grupos terroristas com declarações e atitudes publicamente conhecidas.

Coluna de carros do Exército da Síria nas proximidades de Damasco

É o caso de Nawaf al Bashir, chefe da tribo Baqqara, a maior do país, e que compreende mais de um milhão de integrantes, sobretudo nas regiões da província de Deir Ezzor, ao norte.

Em suas mais recentes declarações públicas afirmou 'ter dado as costas a Assad (presidente Bashar al Assad) com base em falsas acusações e acrescentou que 'os opositores sírios não são mais que instrumentos nas mãos de alguns países estrangeiros e o fato de tomar as armas constituiu um erro muito grave pelo qual todo o povo sírio tem pago as consequências'.

Para analistas e observadores da situação síria, a verdade abre passagem baseada, sobretudo, em uma inteligente, pausada e firme posição do Governo e das Forças Armadas, respaldadas por aliados tradicionais como Rússia e Irã, nações respeitosas e defensoras da soberania desta nação do Levante.

A isto se une um ativo trabalho diplomático internacional e a continuação de um programa de reconciliação que abarca até a data mais de 1.090 mil localidades em todo o território nacional, incluídas as das complexas regiões de Duma, Gutta e Jobar, nos arredores de Damasco, ainda em negociações.

Outro dirigente oposicionista, Michel Quilo, originário da província de Latakia e do executivo do Partido Democrata Sírio, concordou em promover um diálogo político e acusou a Arábia Saudita de 'ter semeado o caos na Síria'.

Nesse sentido, acrescentou que os governantes sauditas 'carecem de um patriotismo árabe e do sentimento de pertencer a uma história ou uma religião, deslindando-se publicamente das posições extremistas'.

A também dirigente oposicionista e jornalista Samira al Masalmeh enviou uma recente mensagem ao comitê jurídico de uma coalizão antigoverno sírio, na qual criticou a ausência de liberdade de expressão nas fileiras opositoras e afirmou que esta 'tem perdido sua fé e seu caminho'.

De igual forma, o ex-presidente dessa Coalizão Nacional Síria, Ahmed Yarba, durante um encontro com a imprensa no Egito, afirmou que a Irmandade Muçulmana provocou, entre outros, a crise na Síria, sobretudo quando esse agrupamento rejeitou as negociações de Genebra e acusou os que participaram nela de 'vender a Síria'.

Tais posições fazem parte agora de um panorama político esperançoso na Síria e que se enquadra nas próximas negociações que nesse sentido devem ser sustentadas em Astaná, Cazaquistão, em uma data ainda não definida.

Mais de 600 mil mortos, feridos e mutilados na Síria, e não menos de 11 milhões de deslocados – deles algo mais de seis milhões, internamente – constituem uma realidade que obriga a um mínimo de sensatez.

De outro lado, põe definitivamente em causa e evidência a perfídia das potências ocidentais que, lideradas pelos Estados Unidos, propiciam uma aniquiladora guerra terrorista contra a Síria.