Em Campinas, mais de mil pessoas relembram chacina e repudiam machismo

Na última quinta-feira (5) o ato ”Nenhuma a menos”, fechou as ruas do centro de Campinas, no interior de São Paulo, com mais de mil pessoas repudiando o machismo e pedindo o fim do feminicídio. A manifestação foi chamada em decorrência da chacina ocorrida na cidade na noite de réveillon, quando um homem matou a ex-mulher, Isamara Filier, o filho e mais 11 pessoas.

Em Campinas, mais de mil pessoas relembram chacina e repudiam machismo - Reprodução

Com os rostos pintados de tinta vermelha, as mulheres participantes iniciaram a concentração do ato ao gritos de ”Isamara vive, Isamara viverá, se as mulheres não param de lutar”. Logo após, as manifestantes fizeram uma “abertura” do ato com uso de um microfone. Ali, o nome de cada uma das vítimas da chacina foi lembrado.

Para a diretora de mulheres da UNE, Bruna Rocha, é fundamental uma reação organizada da sociedade e, sobretudo, das mulheres diante do brutal caso de homicídio motivado por misoginia que marcou de sangue a chegada de 2017 em Campinas. ”O patriarcado é uma estrutura violenta que desumaniza homens e mata mulheres. A tal ponto de um homem ao não tolerar a opção de liberdade da ex-companheira, simplesmente decretou chacina à ela e sua família”, disse.

Em cartas deixadas antes do crime, o atirador Sidnei Ramos, que matou a ex-esposa, Isamara Filier, o filho de 8 anos, João Victor, e mais dez pessoas, entre estas, 8 mulheres, escreveu: “Quero pegar o máximo de vadias da família juntas”.

No manifesto divulgado pelas organizadoras do ato, as declarações de Sidnei foram apontadas como um ataque não só às vítimas, mas a todas as mulheres que foram insultadas como “vadias”.

”Assim, trazendo à tona um sentimento profundo de ódio generalizado e vingança contra as mulheres, essa chacina feminicida se perpetua pela difusão desses ideais fascistas e misóginos impressos na carta, sendo um instrumento perigoso de incitação de novos crimes”, diz o documento.