"Tinha que fazer uma chacina por semana", diz secretário de Temer

Segundo o jornal "O Globo", o político mineiro, filho de Cabo Júlio (PMDB), afirmou que mais presos deveriam ter morrido nos massacres no Amazonas e em Roraima. Para o ex-secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio fez apologia ao crime.

Bruno Julio

As quase 100 mortes nos presídios na região Norte do país que ocorreram nesta semana parecem não ter sido suficientes para o secretário Nacional de Juventude do governo Michel Temer. Ao comentar sobre as chacinas no Amazonas e em Roraima, Bruno Moreira Santos, mais conhecido como Bruno Júlio, filho do deputado estadual Cabo Júlio (PMDB), disse que mais pessoas deveriam ter morrido, segundo o jornal "O Globo".

"Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana", disse. A afirmação foi divulgada nesta sexta-feira (6) pela coluna "Panorama Político".

Bruno é investigado por agredir a mulher em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, em outras duas investigações, ele foi acusado de lesão corporal pela ex-mulher e de assédio sexual por uma funcionária.

Em Manaus, no Amazonas, quase 60 presos foram mortos durante uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que começou no início de domingo (1º) e chegou ao fim na manhã de segunda-feira (2), após mais de 17 horas de duração.

Já em Boa Vista, capital de Roraima, ao menos 33 mortes foram registradas na madrugada dessa sexta na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

Apologia ao massacre

O ex-secretário nacional de Juventude no governo da presidenta Dilma Rousseff, Jefferson Lima, distribuiu nota contestando o atual secretário. Lima considerou as declarações de Bruno "apologia ao crime" e por isso "merecem ser repudiadas politicamente e investigadas do ponto de vista judicial". O ex-secretário lembrou ainda que o integrante do governo Temer já é investigado por outros cimes, inclusive por agressão a uma ex-companheira.

Leia abaixo a íntegra da nota:

Esta não é a primeira vez que o secretário nacional de juventude do governo Temer comete crime. As palavras usadas pelo sr. Bruno Júlio para comentar o massacre ocorrido em Manaus são apologia ao crime, e, portanto, merecem ser repudiadas politicamente e investigadas do ponto de vista judicial.

Ao defender a recente chacina e o o massacre de presos no Brasil, o Sr. Bruno Júlio afasta-se da figura de um gestor público e aproxima-se de um agitador que estimula o ódio, ataca pessoas e estimula práticas ilícitas.

Manifesto a minha indignação diante das palavras do atual SNJ que afirmou que "tinha era que matar mais".

— "Eu sou meio coxinha sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana."

O mesmo, Bruno Júlio, possui uma longa ficha corrida, e é alvo de duas graves acusações: de agressão à ex-mulher e de assédio sexual contra ex-funcionária.

Ele foi acusado de agressão, ameaça e assédio sexual por duas mulheres. Em um dos Boletins de Ocorrência registrados contra Bruno, sua ex-companheira Vitoria Abreu Alves da Costa diz que ele a agrediu com “socos, tapas, chutes e puxões de cabelo, além de ameaçá-la com uma faca”.

As informações constam em dois Boletins de Ocorrência registrados em delegacias de Belo Horizonte.

Embora não seja de surpreender, dada a recorrência de erros graves, essa recente afirmação ultrapassa todos os limites.

Que juventude é essa? Que defende massacre? Que defende chacina e extermínio?

Essas palavras irresponsáveis e criminosas do secretário Bruno Júlio, demonstra bem qual o compromisso do governo de Michel Temer e de sua equipe com a vida dos jovens e com o tema da segurança pública no Brasil. A declaração merece o repúdio, merece o protesto, a tristeza e a indignação.

É uma fala alinhada com perfil de quem defende o extermínio da juventude negra, alinhada com o governo que acabou com o programa Juventude Viva e com a política de direitos humanos. Essa declaração é uma incitação aos massacres e as chacinas.

O secretário Bruno Júlio deverá responder à Justiça por sua apologia aos massacres, chacinas, bem como é urgente e necessário a abertura de um inquérito contra ele, na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Brasília, DF, 06 de janeiro de 2017.

Jefferson Lima
Ex secretário nacional de Juventude