Para acabar com mortes, Pedrinhas divide presos por facções

O presídio de Pedrinhas, localizado em São Luís do Maranhão (MA) vive atualmente uma realidade completamente diversa da situação caótica em que se encontrava há três anos. Apenas em 2013, o Conselho Nacional de Justiça documentou 60 mortes de detentos, gerando na época uma série de ações emergenciais orquestradas entre o Ministério da Justiça e entidades de direitos humanos.

Penitenciária de Pedrinhas - Mariana Serafini

Para conter a situação de calamidade, a nova gestão do governo do Maranhão, eleita em 2014, optou por fazer mudanças estratégicas na condução do sistema carcerário do estado.

Em declaração ao UOL, o secretário de Administração Penitenciária do Maranhão, Murilo Andrade, afirma que divisão por facção, e não por tipo de crime cometido, foi crucial para manter o baixo índice de confrontos.

“Fazemos um processo de entrevista com o preso para saber. Se tiver ligação com alguma facção, é direcionado a uma cela específica. Se não tiver, vai para a neutra. Se misturar, dá problema porque você não sabe quem é quem. A separação é necessária. Seria ideal separar por presídio, mas como não é possível, a gente separa por blocos e reforça a vigilância”, relata Murilo, afirmando que não houve novas grandes rebeliões desde 2015.

Dentro do presídio, toda rotina, como banho de sol e visitas, é separada por grupos. Em nenhum momento rivais ficam em um mesmo ambiente.

A reportagem afirma ainda que em 2014 o complexo estava sob controle de duas facções: Bonde dos 40 e PCM (Primeiro Comando do Maranhão). Hoje, Andrade afirma que o PCM não existe mais como organização. “Houve uma pulverização, e os integrantes formam hoje outros grupos menores”, disse, admitindo que há também integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho.

Outras medidas foram tomadas para conter a violência no local: foi realizada uma reorganização administrativa, demitindo policiais e agentes terceirizados, substituídos por servidores treinados para a função, além de uma reforma na infraestrutura, humanização nas relações carcerárias e os presos foram colocados para cumprir pena nas celas.

A situação em Pedrinhas chama atenção no momento que 60 homens foram vítimas de uma chacina neste domingo (1) no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, localizado em Manaus, devido a uma briga entra as facções FDN (Família do Norte), que teria atacado membros do PCC (Primeiro Comando da Capital).