Eleição na Câmara acirra disputa entre partidos da base aliada

Apesar do recesso, os pré-candidatos à presidência da Câmara se movimentam em busca dos votos e a disputa pelas cadeiras da Mesa-Diretoria, também são cobiçados por serem considerados estratégicos para as atividades e barganha no poder legislativo. A disputa dividiu a base de apoio de Temer que não conseguiram sequer chegar a um acordo sobre uma candidatura.

Plenario Camara - Arte de Álvaro Portugal sobre foto de Luis Macedo/CD

Alguns candidatos já começaram a viajar o país em busca de apoio. A eleição deve acontecer em 2 de fevereiro, data de início do ano legislativo.

Entre os candidatos está o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apesar de não assumir publicamente a sua candidatura, já agendou viagens. A primeira atividade da agenda será um almoço nesta sexta-feira (6), com a bancada de Pernambuco, no Recife.

Ao que tudo indica, Maia tem o apoio da maioria do PSDB, PPS, além do próprio DEM. Segundo fontes da grande mídia, o foco da campanha de Maia é garantir o apoio do PMDB, que tem a maior bancada. Ele teria oferecido a primeira-vice-presidência da Câmara em sua chapa ao peemedebistas.

Mas o tensão é justamente na principal base de apoio do governo de Michel Temer, o chamado Centrão. Cogita-se que o grupo que reúne 13 partidos teria pelos menos três candidatos. Entre os partidos do Centrão, estão o PP, PSD e PTB, e que tem dois candidatos ao comando da Casa.

Um dos candidatos é o líder do PSD, deputado brasiliense Rogério Rosso, que foi o candidato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após a sua renúncia. Rosso também marcou viagens a Goiânia e São Paulo para encontros com parlamentares. “Tudo pago pelo meu bolso”, garantiu.

Na oposição, o único candidato até o momento é o deputado André Figueiredo (PDT-CE). "Vamos avaliar a conjuntura no decorrer dessas próximas duas semanas. Nosso grande desafio é buscar a unidade das oposições e apoio de outros partidos, desde que mantendo o objetivo da nossa candidatura, de um Parlamento independente", disse o parlamentar.

Figueiredo, assim como o Solidariedade, acionaram o Supremo para tentar impedir que Rodrigo Maia dispute a eleição e, se vencer, não possa assumir. Maia foi eleito após de renúncia de Cunha para cumprir mandato-tampão em julho do ano passado.

Maia reagiu. "Acho que é uma questão da Casa. É um momento em que a Casa precisa reafirmar o seu poder e decidir internamente. A gente sempre reclama que o Supremo decide pela Câmara e, na hora em que a gente tem o poder de decidir no voto, muitos não querem, querem que o Supremo decida. Olha que incoerência", afirmou.

E completou: "Se eu decidir ser candidato, ela [a Constituição] é muito clara do ponto de vista jurídico [autorizando a candidatura]. Ela pode não ser muito clara do ponto de vista eleitoral. É uma questão de voto. Agora, a Constituição não veda a recondução de quem é presidente em um mandato suplementar. Ela veda a Mesa Diretora eleita no primeiro dia de mandato. Se não há vedação no outro caso, é porque é uma decisão interna corporis".