Neto Barros: discurso de posse do prefeito comunista de Baixo Guandu

 De 2013 para cá nosso Município deixou as páginas policiais e a fama da má gestão se afastou da prefeitura. Tornamo-nos referência em boas práticas administrativas. Até os habitantes dos municípios vizinhos passaram a elogiar o trabalho.
Baixo Guandu também ficou mais conhecido no mundo, seja pela prática de esportes radicais ou pela defesa do meio ambiente.

Posse de Neto Barros

 Guanduenses,

O dia de ontem encerrou um importante ciclo. Foi muito mais do que um simples ano ou jornada. Deixamos para trás o nosso primeiro mandato à frente da prefeitura municipal de Baixo Guandu. Conclui-lo com êxito, cravando as marcas e os prêmios obtidos, fruto das muitas conquistas que a população experimentou, mesmo diante de tantos obstáculos, orgulha-me, sobremaneira.

O município hoje é muito melhor que aquele recebido há exatos quatro anos, quando nossa terra ostentava os piores indicadores socioeconômicos do Brasil.

Assumimos o primeiro mandato herdando pesado ônus da desorganização administrativa, do desânimo da população, da corrupção, da violência, e da baixa atividade empresarial.

Aquele não tão distante ano de 2013 se mostrava bastante desafiador. Nem bem chegávamos à prefeitura éramos surpreendidos com cheques sem fundos emitidos no final de 2012 voltando dos bancos carimbados. A situação era ainda pior do que poderíamos imaginar.

Quando assumimos naquele janeiro de 2013 encontramos salários de parte de novembro e dezembro de 2012 atrasados. Sem contar a dívida de precatórios, milhões e milhões de reais para pagar, somados ao longo dos mandatos passados, que fomos obrigados a honrar. Quem olha de longe não imagina como foi difícil começar a arrumar a casa para iniciar a superação de tudo aquilo.

Os nossos antecessores ficavam nas esquinas comentando e apostando que o Município que eles governaram por oito anos estava ingovernável. Deu trabalho!

Sob a nossa batuta a prefeitura honrou R$3.656.295,25 de precatórios. Este ano teremos de pagar mais R$1,8 milhão de um montante que chega aos R$10 milhões já consolidados até o final deste mandato. Sem esquecer que existem mais processos judiciais, cujo montante ultrapassa R$15 mi. Temos muito trabalho pela frente.

De 2013 para cá nosso Município deixou as páginas policiais e a fama da má gestão se afastou da prefeitura. Tornamo-nos referência em boas práticas administrativas. Até os habitantes dos municípios vizinhos passaram a elogiar o trabalho.

Baixo Guandu também ficou mais conhecido no mundo, seja pela prática de esportes radicais ou pela defesa do meio ambiente.

A modernização da cidade e distritos encheu os olhos de todos. O município virou um canteiro de obras. De longe, nosso primeiro mandato foi o mais realizador dos últimos 20 anos. A esta façanha se somou o grande desenvolvimento socioeconômico alcançado que ressaltou nossa importância na região e estado.

Buscamos elevar com o nosso trabalho a autoestima dos guanduenses. Mais amor pela nossa terra e o sentimento de pertencimento são valores que devemos reforçar incessantemente.

Decerto que enfrentamos e vencemos muitos reveses. A severa queda de receitas do FUNDAP que nos tirou mais de R$12 milhões em quatro anos, as somadas crises econômico financeiras que assolaram o mundo e o país, que infelizmente ainda persistem e incomodam muito. A crise política nacional que apeou do poder, sem motivo justo, uma presidenta eleita pela maioria dos brasileiros, por um congresso nacional corrupto, uma elite financeira apátrida, e uma grande mídia que só serve aos interesses do capital, golpeando nossa jovem democracia.

Como esquecer aquelas inesquecíveis e destruidoras chuvas de 2013? A causticante estiagem que arruinou nossa área rural desde então?

Como se não bastasse tudo isso sofremos também com o crime da Samarco que poluiu nosso querido Rio Doce, de quem éramos dependentes, pois, além do gravíssimo desequilíbrio ecológico sentido, dos prejuízos sociais, ambientais, materiais, morais e econômicos, nos privou da água potável que abastecia a cidade.

Entretanto, e curiosamente, a pior crise que enfrentamos ao longo do primeiro mandato se deu pelo baixo nível de alguns vereadores, pelo total desrespeito à população, a mim, a minha família, aos meus amigos, a minha equipe de governo e aos correligionários. Isto trouxe muitos prejuízos à comunidade guanduense.

Afinal, foram quatro anos de xingamentos, gritarias, discussões rasas de problemas importantes, dos quais a população e o governo dependiam. Reprovaram matérias relevantes para a sociedade guanduense, por pura maldade, perseguição, mesquinhez, falta de hombridade, mau-caratismo, e conspiração eleitoreira.

As baixarias não passaram em branco, foram repudiadas pelo povo, e resultaram na fragorosa renovação ocorrida no legislativo. Se não a maior, uma das maiores da História política de Baixo Guandu. É preciso prestar bastante atenção nisto para que o mal não tenha deixado raízes. Se a moda pega vai ficar mais difícil do que já é se reeleger para vereador daqui para frente.

Não há dúvida de que a sociedade voltará mais o olhar para os homens e mulheres que assumem suas cadeiras no parlamento nesta memorável sessão solene de posse.

Todos me conhecem. Sabem do que eu e minha equipe somos capazes de fazer trabalhando para o bem do município. A administração exitosa que realizamos nos garantiu, a mim e ao Eloy Avelino, nosso Vice-Prefeito, a recondução aos cargos num dos piores cenários em todo o tempo do instituto da reeleição no país.

Diante de todas as dificuldades enfrentadas pelos municípios brasileiros, a maioria dos prefeitos que tentaram a reeleição sucumbiu. Aqui em Baixo Guandu escrevemos uma história diferente. Derrotamos aqueles arrogantes que apostaram na deslealdade e na falta de inteligência ou memória do povo. Tomaram uma lição!

Ao mesmo povo que me foi grato serei grato eternamente. Não faço referência apenas aos 9.515 eleitores destas eleições ou de todas as eleições onde participei. Falo da população em geral, da comunidade guanduense. Dos trabalhadores, homens e mulheres da minha terra.

Sou democrata e agradeço pelo respeito com que fui recebido em cada lar, mesmo naqueles de não eleitores. Eu e minha equipe de governo almejamos fazer ainda mais do que fizemos no primeiro mandato. E faremos!

Vencemos as eleições porque a população se sentiu valorizada. O povo aprovou os resultados obtidos. Afinal, a disputa se deu entre nós, com apenas 3,5 anos de gestão no início da campanha eleitoral versus o projeto que esteve no poder por oito anos, que baixou o nível das discussões políticas, que fugiu do debate, que usou de expedientes imperdoáveis, e transformou seus comícios em verdadeiro circo de horrores.

Baixo Guandu amadureceu politicamente. A compra de votos é chaga que infelizmente ainda persiste. Porém, não mais garante eleição de prefeito. O povo aprendeu que quatro anos demoram passar e os favores de véspera de eleições não compensam um mandato todo de privações e prejuízos.

Espero e trabalharei incansavelmente para que o vexame assistido pelo povo guanduense e por pessoas de toda a parte do planeta, já que os vídeos assombrosos feitos na campanha eleitoral foram parar na internet, não se repita.

Portanto, é fundamental investir na educação dos nossos jovens, na formação política, para que surjam novos e melhores quadros, senão iremos continuar assistindo candidatos despreparados mostrando cadáver acidentado na BR, a casa do prefeito, pessoas visivelmente alteradas tentando desacreditar as pesquisas, dando todo tipo de vexame chegando até mesmo a defender atividades ilegais em busca de voto a qualquer preço.

A mentira foi tamanha na campanha eleitoral dos adversários que até os próprios envolvidos diretamente também se iludiram. Fez graça ver as festas bancadas com dinheiro de caixa dois de campanha nas semanas que antecederam as eleições, bem como aquela algazarra patrocinada em frente ao Colégio Estadual, a vista de todos.

Melhor ainda foi vê-los enrolando as bandeiras e se esgueirando na volta para casa, conforme o resultado das urnas ia sendo divulgado.

O prejuízo que tiveram, além de moral, foi também financeiro, haja vista que conhecidos agiotas da cidade que ajudaram a bancar a farra eleitoral chegaram a adquirir caminhões compactadores de lixo, confiando que os usariam na prefeitura, vencidas as eleições, mas acabaram tendo de “colocar a viola no saco” depois do resultado contrário, colocando os veículos à venda. Tiveram que vender até imóveis para compensar os cheques trocados para abastecer a malfada campanha.

Mas seria para isto que serve uma campanha eleitoral? Tem gente que quando pensa em política só imagina vantagens pessoais. É por isso que o município de Baixo Guandu viveu tantos altos e baixos desde a sua fundação. Precisamos pensar e fazer Política com mais seriedade!

No entanto, se na política temos muito a melhorar. O mesmo não ocorre na iniciativa privada, onde Baixo Guandu está dando um show, apesar das dificuldades econômicas causadas pela grande crise mundial, que esperamos momentâneas. Temos muitos talentos. Jovens empreendedores que vem se destacando mais e mais a cada dia. Muitos negócios foram abertos de 2013 pra cá e tivemos visível aumento na circulação de riquezas na nossa economia.

Nos últimos quatro anos Baixo Guandu viu o número de micro e pequenas empresas ativas saltar de 1.339 para 2.423 (81% de crescimento). Quase dobramos o número de empreendimentos comerciais em apenas quatro anos. Observem que, tudo isso, mesmo com problemas na agropecuária devido ao clima, que todos sabem ajuda bastante o nosso comércio em épocas de vagas gordas.

O lucro das empresas prestadoras de serviços cresceu mais de 60% no nosso mandato. Os setores de transporte e telecomunicações, 108%. De 374 microempreendedores individuais, em 2012, temos hoje mais de mil.

As exportações, apesar de ainda modestas, tiveram crescimento de 14%.

Qualificamos muita mão de obra com excelentes cursos profissionalizantes e milhares de certificados, além da disponibilização recorde de crédito que possibilitou o início e a manutenção de várias atividades empresariais.

Registramos o maior saldo de empregos formais dos últimos 10 anos. No índice de participação do ICMS deixamos de cair ano a ano, para, de 2013 para cá, consolidar o crescimento, mais acentuado em 2015 e 2016, o que mostra o fortalecimento dos setores produtivo e comercial local.

Na esfera pública, entretanto, a câmara municipal é tábua de salvação para que nosso governo possa enfrentar a crise e nossa gente sinta menos os seus efeitos até que o país volte a crescer.

Não há outra saída. O governo municipal é formado pelos poderes legislativo e executivo. Sem autorização dos vereadores o prefeito tem dificuldade de contratar ou pagar os salários dos servidores, de fazer obras, de pagar os fornecedores em dia. Sem a aprovação dos vereadores, o Município, empresas privadas, produtores rurais, e as famílias guandueses, todos são penalizados.

Eis aí um grandioso desafio. É preciso ter caráter. Honrar a população, não apenas aos eleitores e partidos políticos, mas acima de tudo a sociedade. Quem só age politicamente e deixa de fazer o que é certo, ético, digno e legal, faz cair por terra o juramento que acabou de fazer ao assumir mandato.

No mundo todo pessoas exigem mais gestão com resultados práticos. Basta de politicagem. No Brasil, no estado e aqui em Baixo Guandu não é diferente. Se a classe política não abrir os olhos e começar a mostrar mais ações concretas que modifiquem, de verdade, e melhore a vida substancialmente das pessoas, a renovação a cada eleição será maior. Vai aí uma dica aos vereadores que desejam continuar na política e tem o verdadeiro propósito de servir à comunidade.

Se a oposição continuar trabalhando contra tudo o que o poder executivo tenta fazer, apenas para ser do contra, apostando no quanto pior, melhor, irá sacrificar a população e impossibilitar que a gestão municipal crie mecanismos de combate à crise e amenização de seus efeitos.

Prestem muita atenção. Os municípios que conseguirem unir seu povo, independentemente das bandeiras partidárias, vencerão mais rapidamente as dificuldades. Isto lhes dará fôlego para gerir a máquina pública e ajudará a iniciativa privada a continuar empreendendo e gerando trabalho e renda.

A câmara municipal passada engessou nosso primeiro governo de muitas formas. Paralisou a prefeitura alterando o orçamento proposto pelo poder executivo e concedeu o menor percentual de remanejamento da história. Nenhum prefeito do estado do espírito santo trabalhou com um orçamento mais engessado do que eu, principalmente no último ano, justamente no ano eleitoral.

Tentaram paralisar o Município. Atrapalharam a vida de muitas pessoas. Fizeram diminuir ações da prefeitura para que, na falta, a população se revoltasse e descontasse politicamente na pessoa do prefeito. Brincaram com a vida dos cidadãos. Apostaram alto, mas se deram mal.

É preciso registrar nos anais do poder legislativo, por isso faço questão de mencionar aqui, que a câmara municipal negou-se a aprovar, quando a prefeitura solicitou, a doação da área para a PWBrasil vir se instalar no município. Pasmem. Só aprovou depois que a população foi às ruas fazendo um abaixo-assinado implorando para que os vereadores não fossem tão perversos contra a população.

Queriam evitar a vinda para Baixo Guandu daquela que será a maior indústria de confecções do estado. Depois de aprovada a lei de doação da área sob a imensa pressão de milhares de cidadãos que assinaram o documento, a oposição ainda tentou, desta vez, na justiça, impedir a vinda da empresa.

Não fosse essa sucessão de absurdos contra a nossa própria gente patrocinada por alguns vereadores, aquela grande indústria já estaria funcionando e empregando mais de duzentos guanduenses. Certamente o Natal de 2016 teria sido melhor para aqueles que hoje estão desempregados, para o nosso comércio e para as finanças públicas.

Ao poder legislativo que ora se renova, portanto, caberá ajudar governo municipal a atravessar esse momento difícil da economia mundial. Repito em alto e bom som que sem o apoio dos vereadores será impossível mantermos o crescimento experimentado nos últimos quatro anos. E tem mais, só com o apoio da câmara e do povo conseguiremos atravessar o momento e vencer a grave crise.

Basta ver os noticiários. Analisem a situação da União, distrito federal, estados e municípios. Precisamos mais do que nunca estar unidos para garantir a normalidade das coisas e o desenvolvimento de Baixo Guandu. Qualquer desentendimento, atropelo, aplicação da velha política, não apenas paralisará a prefeitura, como atrasará a vida e colocará em grande dificuldade toda a população.

A realidade do setor público brasileiro hoje é a da despesa maior do que a receita. A conta não bate. Por isso muitos estados e prefeituras de todo o país estão com dificuldade para pagar em dia os seus servidores e fornecedores e anunciaram mais cortes em investimentos para este ano. O governo federal congelou, por vinte anos, os investimentos.

Cabe ressaltar, que quando os demais governos anunciam cortes em investimentos, isto se traduz também em falta de repasses para as prefeituras, acarretando sobrecarga ainda maior das já combalidas finanças municipais.

Para piorar, aprovadas as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo central, com gravosas retiradas de direitos e restrições de acesso a benefícios de milhões de trabalhadores, urbanos e rurais, mais uma vez penalizará a classe trabalhadora e jogará nas costas do povo pobre a conta da farra das elites financeiras. Vivemos o acirramento da defesa do capital em detrimento de direitos elementares da população.

A crise econômica e as políticas equivocadas do governo federal, que está dilapidando as riquezas nacionais, irão agravar a crise financeira e produzir forte rebaixamento social. A classe média, que cresceu muito na última década, irá diminuir e os poucos ricos ficarão ainda mais ricos, situação provocada pelo aumento das desigualdades no país.

Este empobrecimento das famílias irá sobrecarregar ainda mais as prefeituras. Tudo o que milhões de brasileiros conquistaram nos últimos anos está a perder. Preocupo-me, pois o empobrecimento gera a falta de tudo, mais demanda por serviços sociais, e invariavelmente, faz crescer a violência, esta que com muito esforço e apoio de todas as autoridades e da população, temos conseguido diminuir fortemente em Baixo Guandu.

Fica a pergunta. Como dar conta daquilo que nem aqueles entes que tem muito mais recursos que a prefeitura estão dando? Teremos de ser muito prudentes e habilidosos para não quebrar o Município.

No estado do Espírito Santo estamos diante do terceiro ano de governo. Onde os dois primeiros anos foram tempos de profundo arrocho. Nada de convênios com as prefeituras. Não teve nada novo e ainda foi retirado o que tinha. Agora que todos esperavam os dois anos finais de mandato estadual com muitos investimentos, o governador anunciou que fará ainda mais cortes, já a partir deste ano.

Por isto, precisamos muito do apoio do deputado estadual Dary Pagung, que já reservou no orçamento estadual, da cota de suas emendas parlamentares, R$1 milhão de reais para drenagem e pavimentação de ruas no nosso município este ano. Ele que é nosso representante no governo estadual.

Devido à crise financeira e as amarras criadas pela câmara ainda na legislatura passada teremos muitas dificuldades este ano. A lei de responsabilidade fiscal restringe novas contratações de servidores. Haverá baixo investimento com recursos do tesouro, cujo saldo é devedor. E isso irá durar até que a situação fiscal do Município se normalize.

A prefeitura será obrigada a fazer apenas o básico do básico para não colapsar. Atrasos de salários ou em pagamentos de merenda, transporte escolar, limpeza pública, combustível, energia elétrica, e outras despesas correntes que impossibilitariam o funcionamento mínimo da prefeitura é tudo o que nós guanduenses não precisamos neste momento já tão difícil. Já que isto criaria um círculo vicioso trágico para toda a sociedade.

Só com muita saúde, força e união conseguiremos atravessar bem esta tormentosa quadra.

Faço aqui novo apelo aos vereadores, cuidado com as armadilhas. Atenção nos tantos maus exemplos do passado. O mandato passa muito rápido. Nunca o poder legislativo foi tão importante como será nestes próximos quatro anos.

A situação é ainda mais delicada do que muitos supõem. Qualquer tropeço legislativo ou administrativo agora colocará em xeque, além da gestão que ora se inicia, também os próximos mandatos de prefeito e vereador, além, é claro, de por em risco o futuro dos guanduenses, literalmente.

Parafraseando o grande poeta brasileiro Thiago de Mello:

"Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar."

É claro que a experiência do primeiro mandato será fundamental para surpreender a todos novamente e entregar, com a aprovação da câmara e o apoio da população, ao final de 2020, um município ainda melhor. A mudança que iniciamos, há quatro anos, está apenas começando.

Conhecemos o caminho. Sabemos o que queremos. Mas há um jeito de adiantar as coisas. Trazer aquilo que sonhamos para mais perto de nós. Aumentar a consciência do povo. De modo a propiciar discussões e análises mais profundas da realidade. Isso sim garante pleno desenvolvimento.

Baixo Guandu nunca será tão grande como desejamos, enquanto em pleno século XXI, ciclovias ou estacionamentos rotativos forem criticados, ainda que pela minoria. Não sairemos da mesmice enquanto houver políticos com tão baixo nível intelectual, como aqueles a quem derrotamos nas urnas. Pessoas de pouco conteúdo e muita maldade. Que apostaram alto e atrapalharam o município, mas perderam. A inteligência do povo falou mais alto.

A campanha eleitoral de 2016 foi das piores. De um lado a gente mostrava os nossos feitos e nos comprometíamos com o futuro dos guanduenses. Do outro, o escárnio e a maledicência. Tal baixo nível nos serviu, além de nos dar a vitória, nos fez refletir sobre questões mais profundas que envolvem a nossa sociedade.

Um município digno e próspero vai muito além de obras físicas, serviços públicos, negócios, empregos, moradia, mobilidade, acessibilidade, lazer. Precisamos discutir isso. Buscar alternativas.

Baixo Guandu deve se destacar no campo do pensamento. Formar cidadãos mais críticos será nossa missão de governo mais nobre. Além de reforçar a democracia representativa, o que possibilitará a inovação na gestão e a renovação na política, marcará nossa posição no mundo como lugar de gente inteligente e tornarão sólidas as políticas públicas capazes de garantir o futuro melhor que queremos.

Mas afinal quais outras expectativas a população pode ter para os próximos anos?

A situação fiscal no país como um todo, de tão difícil ficou estranha. Antes aplaudíamos os governantes que mais realizavam obras ou serviços e desenvolviam a economia. Atualmente, é reconhecido como ótimo gestor aquele que mais corta investimentos, que pratica os famosos ajustes fiscais. Bom governante, portanto, não é mais aquele que aumenta os salários dos servidores públicos, mas aquele que consegue paga-los em dia.

Apesar das dificuldades, e elas estão aí para todos, temos muitas e importantes metas a cumprir. O município não para. Continuaremos cuidando da infraestrutura e humanizando a cidade e distritos, diante das severas intempéries, apoiaremos mais a área rural, incentivando ações e estudos que propiciem maior produção de água e alimentos, vida digna, e novas matrizes econômicas.

Continuando a dar exemplo na defesa do meio ambiente iniciaremos o tão sonhado tratamento de esgoto da sede do município. Concomitantemente reformaremos e ampliaremos as estações de tratamento também do interior.

Do alto da nova sede da prefeitura municipal podemos observar que Baixo Guandu se renova. E que está preparado para continuar crescendo e se firmando como um lugar melhor de se viver, investir e trabalhar, e visitar.

Além da inovação, do incentivo ao livre pensar, das obras e atendimentos, outra importante meta será cuidar da renovação política. Tarefa tão difícil em todo o mundo. Faltam bons líderes e pessoas de bem interessadas. Sobram demagogos e fanfarrões que a população rapidamente relega ao esquecimento. A fila parece não andar. Aqui em Baixo Guandu, por exemplo, nos últimos quarenta anos, apenas cinco pessoas foram eleitas e/ou reeleitas para o cargo de prefeito nesse período.

A necessidade nos impõe preparar novas lideranças, capazes de nos ajudar a governar agora e de guiar nossos destinos a partir do próximo mandato, de 2021 em diante.

Finalizando, relembro aqui mais uma vez Thiago de Mello:

"Faz escuro mas eu canto,

porque a manhã vai chegar.

Vem ver comigo, companheiro,

a cor do mundo mudar.

Vale a pena não dormir para esperar

a cor do mundo mudar.

Já é madrugada,

vem o sol, quero alegria,

que é para esquecer o que eu sofria.

Quem sofre fica acordado

defendendo o coração.

Vamos juntos, multidão,

trabalhar pela alegria,

amanhã é um novo dia."

Precisamos de ações duradouras, que transcendam mandatos, que iniciados hoje sejam continuadas ao longo dos próximos dez, vinte, 50 anos, que surjam a partir de discussões na sociedade, e assumidas pela população como políticas públicas genuínas, sejam tocadas pela administração municipal.

Que este Ano Novo e os Novos Mandatos que ora iniciam sejam verdadeiramente novos, produtivos e que orgulhem a todo o nosso povo.

"Pátria livre, venceremos!"

Muito obrigado.

Baixo Guandu, ES, 1º de janeiro de 2017.

Neto Barros

PCdoB