Aragão: Procuradores da Lava Jato ajudaram a jogar economia no buraco

Em carta aberta ao chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão afirmou que ele e os demais procuradores da República que atuam nas investigações adotaram uma postura messiânica, em referência aos comentários publicados nas redes sociais em que membros da força-tarefa convocam os que “vestem a camisa do complexo de vira-lata”.

Eugênio Aragão

Segundo o ex-ministro, essa postura dos procuradores ajudou a jogar a economia brasileira no buraco, mas que não se preocupam com isso porque “seus empregos não correm risco”. Aragão disse ainda que quem tem complexo de vira-lata, na verdade, são os integrantes do Ministério Público Federal, que idolatram os EUA sem conhecer a história desse país, que foi, pelo menos, tão “banhado em sangue” quanto o Brasil.

“E vocês, narcisos, se acham lindinhos por causa disso, né? Vangloriam-se de terem trazido de volta míseros dois bilhões em recursos supostamente desviados por práticas empresariais e políticas corruptas. E qual o estrago que provocaram para lograr essa casquinha? Por baixo, um prejuízo de 100 bilhões e mais de um milhão de empregos riscados do mapa. Afundaram nosso esforço de propiciar conteúdo tecnológico nacional na extração petrolífera, derreteram a recém-reconstruída indústria naval brasileira”, enfatizou.

Para Aragão, que também é procurador da República, Dallagnol, “à frente de sua turma, vai entrar na história como quem contribuiu decisivamente para o atraso econômico e político que fatalmente se abaterá sobre nós… Vivemos numa redoma de bem-estar. Por isso, talvez, à falta de consciência histórica, a ideologia de classe devora sua autocrítica. E você e sua turma não acham nada demais se milhões de famílias não conseguirem mais pagar suas contas no fim do mês, porque suas mães e seus pais ficaram desempregados e perderam a perspectiva de se reinserirem no mercado num futuro próximo”.

O ex-ministro disse ainda que os procuradores usaram a bandeira do “combate à corrupção” como cortina de fumaça para derrubar Dilma Rousseff e aumentar o poder dos promotores e procuradores. Mas para ele, os procuradores erraram o alvo ao fixar a corrupção como o pior problema do Brasil, quando esse “troféu” é, na realidade, da desigualdade econômico-social. Aragão pede que Dallagnol “baixe a bola”, pare de perseguir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de “fazer teatro com PowerPoint”.

“Faça seu trabalho em silêncio, investigue quem tiver que investigar sem alarde, respeite a presunção de inocência, cumpra seu papel de fiscal da lei e não mexa nesse vespeiro da demagogia, pois você vai acabar ferroado. Aos poucos, como sempre, as máscaras caem e, ao final, se saberá quem são os que gostam do Brasil e os que apenas dele se servem para ficarem bonitos na fita! Esses, sim, costumam padecer do complexo de vira-lata!”, reforça.