Reinaldo Seriacopi: A segunda parte do golpe
Podem anotar: a divulgação da denúncia do executivo da Odebrecht é a segunda parte do golpe. É o golpe dentro do golpe. Ele foi deflagrado na noite deste sábado (10), durante o Jornal Nacional, quando o assunto ganhou ampla cobertura jornalística.
Publicado 11/12/2016 19:23
A primeira parte do golpe já vimos, derrubaram a Dilma e colocaram o Temer na presidência, que deu início a um programa privativista.
A imprensa participou desse processo ativamente e, uma vez com o Temer empossado, calou-se diante das várias denúncias contra o próprio presidente golpista e demais membros de sua equipe. Afinal, Temer não poderia cair em 2016, para não haver novas eleições.
Era preciso segurá-lo por alguns meses no poder, até que, quando chegasse o momento adequado, a imprensa soltaria alguma denúncia-bomba contra ele (alguém duvidava que não existiam denúncias-bomba contra o Temer?).
Esses meses se passaram. Já está quase na hora de tirá-lo do poder para o PSDB assumir pela via indireta. Assim, a denúncia-bomba veio com a divulgação do que a Odebrecht deu milhões de reais em dinheiro vivo para Temer e outros nomes do PMDB.
A denúncia atinge a cúpula do governo. Atinge o presidente, atinge o PMDB.
Nos próximos vinte dias, a imprensa vai alimentar a população com várias notícias relacionadas à denúncia. Vai criar na sociedade o clima de indignação necessário. Será uma denúncia aqui, outra ali, que farão o governo começar a sangrar. Algum ministro caíra, para conter a sanha do povo. As denúncias vão aumentar de intensidade até que, no início de 2017, virá o golpe fatal contra o próprio Temer. E ele não se sustentará mais no poder.
As instituições no Brasil, de fato, estão funcionando dentro do previsto.