Arruda Bastos: Temer é mais fraco que caldo de bila

"Quando é para massacrar o povo, os mais pobres, os aposentados, as viúvas, os funcionários públicos, retirar direitos sociais e previdenciários dos brasileiros, congelar os gastos com saúde e educação por dezenas de anos, ele é muito Macho”.

Por *Arruda Bastos

Michel Temer - Foto: Dida Sampio/Estadao Conteudo

Alguns pensavam que Michel Temer no cargo de Presidente da República fosse ficar um pouco melhor do que foi, a sua vida toda, nos postos que ocupou. Embora já demonstrasse ser fraco de propósitos e de caráter, usurpador e um ser de poucas qualidades, a esperança ainda existia. Infelizmente, não é o que está acontecendo. Na verdade, as pessoas na política dificilmente mudam. É o caso do presidente.

Em artigos anteriores, abordei alguns aspectos desse personagem. No texto “Tem um barriga branca no Planalto” falei da ligação de Temer com Cunha e sua subserviência a este. No artigo “O governo Curupira de Temer” tratei das posições típicas de um cidadão sem convicção ou personalidade, mudando de rumo ao sabor das pressões, típico de uma biruta de aeroporto.

Nos últimos meses, a situação só tem piorado. Senão vejamos: de patrocinador da anistia ao caixa dois junto com Aécio Neves e outras lideranças golpistas do Congresso, passou à postura diametralmente oposta em uma patética entrevista ao meio dia do domingo junto de Renan Calheiros e Rodrigo Maia. Acordou também na ocasião as mudanças nas 10 medidas contra a corrupção do projeto de iniciativa popular do Ministério Público, entretanto agora está silencioso.

No caso da solenidade com as vítimas da tragédia da Chapecoense, teve uma posição vacilante, informou que não iria ao estádio para o velório devido às pressões, mas foi ao ato e não teve coragem de falar. Passou despercebido como um ser insignificante. Na ocasião, igualou-se ao presidente do Internacional Vitório Piffero, que queria aproveitar o incidente para livrar o seu time da série B; e Del Nero, presidente da CBF, que, com receio de ser preso, não compareceu. Três presidentes pigmeus.

Tem um ditado popular que rotula uma pessoa vacilante, sem liderança e sem predicados como sendo “mais fraco do que caldo ou chá de bila”. Não tenho dúvida que todos conhecem inúmeras pessoas que merecem esse título. Entretanto, atualmente, considero como o’concur o nosso atual ocupante do Palácio do Planalto. Refém de atos errôneos durante toda a sua vida, é hoje um prisioneiro dos acontecimentos.

Nomeou ministros do seu mesmo nível. Em poucos meses, seis de seus colaboradores já foram afastados por corrupção. Em nenhum dos casos tomou uma atitude. Esperou que o caldo entornasse e que o ministro pedisse demissão. Atualmente, está embarreirado com a possibilidade concreta de constar como figura de proa na delação da Odebrecht, juntamente com mais uma penca de políticos do Congresso e do seu alto escalão.

Na economia, o vacilo é total. Seu ministro da Fazenda não disse a que veio, a economia só piora, os indicadores são desastrosos. Em um governo forte já teria sido exonerado. A fraqueza do nosso presidente é igual a da diretoria do meu time do coração, o Ceará Sporting Club, que perdeu 11 partidas e mesmo assim manteve o técnico até a perda do acesso para série A do Campeonato Brasileiro.

Agora, quando é para massacrar o povo, os mais pobres, os aposentados, as viúvas, os funcionários públicos, retirar direitos sociais e previdenciários dos brasileiros, congelar os gastos com saúde e educação por dezenas de anos, ele é muito Macho. Aí o seu cangote é grosso, pois vale mais a pena atacar os fracos e oprimidos do que enfrentar a FIESP, os Bancos, a Globo e os patrocinadores do golpe.

Nossa população, mesmo uma parte da que defendeu o golpe do impeachment da Presidente Dilma, hoje tem consciência de que a troca não foi boa e que temos um presidente muitos anos luz do perfil de estadista e até mesmo de um gestor mediano. Temos a percepção de que o Planalto é ocupado por um indivíduo sem a menor condição de exercer o cargo. Ele é mais fraco do que caldo de bila. A expressão, como dito anteriormente, é utilizada no meu Ceará para caracterizar uma pessoa sem autoridade, fraca que nem água.

*Arruda Bastos é médico, professor universitário, escritor, radialista, ex-secretário da saúde do Ceará e um dos coordenadores do Movimento “Médicos pela Democracia”.

Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.