Vanessa: Reforma da Previdência aprofunda descenso das mulheres

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) que é procuradora da Mulher no Senado, destacou, em seu artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (6), como a crise no país e a falta de políticas afirmativas podem agravar ainda mais o “processo de descenso social das mulheres” no Brasil.

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Com o título “Queremos salário, lazer, tempo e poder”, a procuradora destaca que os dados apresentados pela Síntese de Indicadores Sociais – 2016, do IBGE, que analisa as condições de vida da população brasileira, apontam o aprofundamento “das desigualdades entre homens e mulheres no Brasil”.

Vanessa Grazziotin chama a atenção no texto para “a queda significativa, a partir de 2015, no processo de inclusão e ascensão social iniciada em 2003”. 

“É nessa perspectiva sombria que analisamos esse processo de descenso social das mulheres que, ao lado dos negros, será a parcela mais atingida.”

“Sem eliminar as críticas à política econômica adotada pelo governo anterior, fica evidente que esse cenário nacional é reflexo da crise mundial do capitalismo que se arrasta pelo oitavo ano consecutivo e é do conhecimento de todos”, destaca Vanessa em sua publicação.

Piora após golpe no Brasil

“Os números mostram que esse quadro de recessão, que já representa elementos de depressão, só tem piorado após o golpe. Enquanto promovem um despropositado arrocho fiscal, que atinge negativamente a economia, adotam medidas que favorecem o capital especulativo (aumento dos juros reais e devolução de R$ 100 bilhões pelo BNDES à União).”

Mercado de trabalho

Sobre os números apresentados pelo IBGE, a senadora Vanessa Grazziotin destacou a desigualdade salarial e a jornada de trabalho, incluindo o tempo que homens e mulheres gastam com o trabalho doméstico.

“Em 2015 as mulheres recebiam, em média, 76% do rendimento dos homens em trabalhos convencionais e apenas 68% nos cargos de chefia, mas trabalhavam cinco horas a mais. Trabalhavam 54,9 horas semanais (20 horas na jornada doméstica e 34,9 no expediente externo) contra 50,8 horas da jornada dos homens (10 nos serviços domésticos e 40,8 no expediente externo).”

Tarefas de casa

“As atividades relacionadas com os afazeres e cuidados domésticos, que não é remunerada, tem um forte impacto para as mulheres. A relação entre as atividades remuneradas e não remuneradas afeta o bem-estar, deteriora a qualidade de vida e é um dos fortes fatores que inibem as mulheres de terem uma participação mais ativa na sociedade, como, por exemplo, a atividade política.”

“Os padrões de gênero na sociedade brasileira, portanto, continuaram praticamente inalterados. Sabemos que o tempo é uma das principais pontas do nó: ter tempo é uma das questões mais crucialmente ligadas à dominação. Queremos salário, lazer e tempo, porque queremos poder.”

Ampliar tempo de trabalho e equiparar com os homens é inaceitável

“Lamentavelmente, no sentido contrário da busca pela igualdade entre os gêneros, vem aí a reforma da Previdência, que atingirá duramente o direito dos trabalhadores e sobretudo das mulheres. Já sinalizaram que querem ampliar ainda mais o tempo de trabalho para aposentadoria das mulheres em relação aos homens, o que é inaceitável, visto sua maior jornada de trabalho”, criticou Vanessa Grazziotin.

Entretanto, a senadora acredita que a união e a mobilização das mulheres por esta causa justa poderá deter a crescente desigualdade de gênero. “Mas nós, mulheres, estaremos de pé, resistiremos, lutaremos e venceremos!”, conclui a senadora.