A diferença de tratamento gritante dado aos atos pró e contra Temer

Desde de que as manifestações pró-impeachment começaram, cerca de 1 ano atrás, observamos o tratamento distinto ofertado aos protestos ligados a grupos de esquerda e direita. Nesta semana, o Brasil acompanhou milhares de estudantes que lutavam contra a PEC 55 serem violentados pela Polícia Militar do Distrito Federal.

Por Laís Gouveia

A diferença de tratamento gritante dada aos atos pró e contra Temer - Reprodução

Com o argumento de que grupos "Black Block" quebravam lixeiras e tombaram um carro da Rede Record, a manifestação foi abafada com bombas, cassetes e spray de pimenta, enquanto a PEC 55 era aprovada em primeiro turno no Senado com as galerias vazias. [Semanas atrás, grupos de extrema direita tiveram uma curiosa facilidade para ocuparem o plenário da Câmara] Resultado: Manifestantes foram presos, pessoas feridas e perdidas procuravam abrigo para se proteger do cenário devastador. 

Carina: Estamos metidos em um estado de exceção

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, expos em sua coluna no Conversa Afiada que a ordem era reprimir o ato sem diálogo. "Não pudemos terminar o nosso protesto, nos foi impedido o direito constitucional à manifestação. A repressão que vivemos ontem é uma prova do estado de exceção em que estamos metidos. A ação de um grupo isolado não justifica a carnificina feita em cima de 50 mil pessoas", lamentou a estudante. 

Infelizmente, a repressão aos estudantes na semana passada não é um exemplo isolado. Quem não se lembra de Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo devido a uma bomba lançada pela polícia militar de São Paulo, durante a manifestação pelo Fora Temer? A jovem, inclusive, foi alvo das piadas mais indigestas nas redes sociais. “Pode ficar cega, se for petista é uma boa notícia”, debochavam comentaristas políticos e internautas.

Outro exemplo escancarado na distinção de tratamentos, ocorreu na Avenida Paulista. Figuras ocuparam a calçada em frente ao prédio da Fiesp pelo imediato impeachment da presidenta Dilma. Lá permaneceram por meses consecutivos, inclusive, colocando um cordão de isolamento para delimitar um espaço público que as barracas ocupavam, com o aval e a proteção do seu líder maior, Paulo Skaf. A policia em nenhum momento interveio, ao contrário, foram vistos tirando selfies com o grupo de extrema direta. 

Quando o movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) promoveu um ato na Paulista em junho deste ano, o tratamento foi completamente diferente. Policiais cercaram o local com bombas, espancando mulheres com golpes de mata leão e abafando o ato com a truculência de praxe. 

No mundo do arco-iris verde amarelo 

Do outro lado do muro, o mundo do Arco-Íris reina. Com faixas em defesa do "messias Moro" e o regresso da ditadura militar, os "patriotas de bem" seguem com proteção, mobilização da grande mídia e muitas declarações de amor aos policiais. No sábado (5) um forte esquema foi criado em Brasília, com ruas isoladas e sinalização especial, promovendo o máximo de conforto aos verde-amarelos no domingo. Tanta infraestrutura para nada. Apenas 5 mil gatos pingados – Segundo dados da confiabilíssima policia militar- foram ao local, bem diferente das 50 mil estudantes escorraçados do local na última terça-feira (29).

"Em Moro nós confiamos" – Em Inglês, porque é mais chique (Foto: Andressa Anholete AFP)

Com gritos de "Viva a PM" e selfies para a posteridade, os discípulos do Moro também contam com a ajudinha dos governadores, caso eles sejam de partidos aliados ao governo Temer. Em São Paulo, o cumulo do absurdo ocorreu em março, quando as catracas do metrô foram totalmente liberadas nas micaretas pró-impeachment, onde milhares circulavam alegres sem pagarem os R$ 3,80 que qualquer cidadão gasta em outras circunstâncias. Inclusive, outras dezenas de protestos foram duramente reprimidos por manifestantes que ousaram pular a catraca do metrô. Se o motivo do ato for os escândalos da merenda do governo de São Paulo, o Fora Temer ou reivindicação dos professores por um salário digno, é "tiro porrada em Bomba na certa", dentro ou fora do metrô. 

Enquanto seguem os exemplos de injustiça e truculência, os movimentos sociais dão sequência a agenda de lutas, denunciando a truculência da Policia Militar e o bando que tomou de assalto o Brasil, promovendo a entrega de suas riquezas a preço de banana. É o tostão contra o milhão.