Venezuela é suspensa do Mercosul

O complô contra a Venezuela no Mercosul deu as cartas na reunião realizada nesta quinta-feira (1/11) para decidir o futuro do país no bloco. Apensar do posicionamento mais equilibrado do Uruguai, Caracas foi suspensa sem previsão de ser reincorporada.

Nicolás Maduro - AVN

O argumento utilizado pelos chanceleres do Brasil, José Serra, Argentina, Susana Malcorra e Paraguai, Eladio Loizaga é de que a Venezuela “não cumpriu as normas do protocolo de adesão”. No entanto, nenhum dos países membros cumpriu todas as normas.

Nos últimos meses o ministro do Brasil veio inflando um movimento de rejeição ao país de Maduro entre os outros membros do bloco. Imediatamente recebeu apoio do Paraguai, que desde a posse do presidente Horácio Cartes tenta desestabilizar a Venezuela e em seguida da Argentina de Maurício Macri. O Uruguai era o único país que tentava, a duras penas, fazer respeitar a institucionalidade, mas foi voto vencido.

Para o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, esta decisão é um equívoco que pode trazer graves consequências institucionais para o Brasil. “Isso é extremamente grave, esta atividade. É agressiva e sem razões. Terá consequências sobre as relações comerciais e institucionais com a Venezuela”, disse.

De acordo com o comunicado oficial, enviado ao presidente Nicolás Maduro na tarde desta sexta-feira (2), a suspensão passa a valer imediatamente “até que os países signatários do Tratado de Assunção concordem com a República Bolivariana da Venezuela as condições para reestabelecer o exercício de seus direitos como Estado parte”.

Samuel Pinheiro acredita que esta medida pode ser prejudicial para o Brasil porque os dois países têm interesse em comum. “É óbvio que essa atitude agressiva não nos beneficia no futuro. A Venezuela é um país amazônico. Temos interesses comuns na preservação da Bacia Amazônica”, explicou o embaixador.

Reação da Venezuela

Imediatamente após receber o comunicado, a ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, denunciou a ação como “um golpe de Estado dentro do Mercosul”.

Segundo Delcy, a reunião foi feita “pelas costas” e portanto é ilegal e sua decisão deve ser anulada. “qualquer ato feito pelas costas da legalidade é absolutamente nulo e não tem nenhum tipo de efeito”. 

Quatro anos se passaram desde que a Venezuela foi aceita no bloco, durante a suspensão do Paraguai devido ao golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo. Ao longo deste período o país havia incorporado aproximadamente 80% das 1224 normas técnicas do Mercosul e 25% dos tratados.

O deputado venezuelano Yul Jabour, membro do Parlamento do Mercosul (Parlasul), afirmou em entrevista à Sputnik que a suspensão da Venezuela coloca em risco a institucionalidade do bloco.

Leia o documento do Mercosul em espanhol: