Agora, Deltan admite que "Dilma fez mais pelo combate à corrupção"

"Com ou sem Dilma, para nós não muda nada”, disse o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, em agosto deste ano, antes da votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo Senado. Agora, o “tanto faz” de Dallagnol mudou. Em coletiva de imprensa, o procurador da força-tarefa da Lava Jato disse que o Dilma fez mais pelo combate à corrupção.

Deltan Dallagnol

"Até o governo Dilma avançou propostas contra a corrupção muito melhores que as que foram aprovadas", disse ele, se referindo ao resultado da votação do projeto chamado de 10 medidas contra corrupção aprovadas pela Câmara. O pacote inclui a proposta de abuso de autoridade contra magistrados, que foi amplamente criticada por entidades do setor Judiciário.

Quando vazou a gravação em que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) dizia articular a aprovação do impeachment para “estancar a Lava Jato” e a presidenta Dilma denunciava o golpe em curso, os procuradores nada falaram ou fizeram, agindo com indiferença diante da afronta à democracia. Agora, em nota, os mesmos coordenadores da força-tarefa usam o argumento das gravações para dizer que são alvos da reação dos parlamentares.

Segundo os procuradores, os deputados foram movidos por "um espírito de autopreservação" e que o "objetivo é 'estancar a sangria'", fazendo referência à gravação de Jucá.

"Há evidente conflito de interesses entre o que a sociedade quer e aqueles que se envolveram em atos de corrupção", disseram ainda. Os integrantes da força-tarefa ameaçaram renunciar caso Michel Temer sancione a anistia ao caixa 2.