Ameaça de renunciar e parar Lava Jato é chantagem explícita

A chantagem consiste em ameaçar uma pessoa, grupo ou corporação com vistas que a pessoa, grupo ou corporação ameaçada cumpra certas exigências, geralmente para proveito próprio do ameaçador.

Por Renato Rovai

Dallagnol - Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress

Foi isso que os procuradores da força-tarefa da Operação Lava fizeram ao dizer que podem acabar com a operação se o Congresso aprovar a lei que permite punição por abuso de autoridade também a juízes e procuradores.

O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos dos Santos Lima foi o verbalizador da ameaça. Ele disse, na entrevista coletiva realizada em Curitiba na tarde desta quarta-feira (30), que a força-tarefa da Lava Jato “pode abandonar os trabalhos”, se o que chama de “proposta de intimidação de juízes e procuradores” for aprovada.

Deltan Dallagnol, o procurador que investe em imóveis do Minha Casa Minha Vida, disse que a aprovação da lei foi o “golpe mais forte efetuado contra a Lava Jato concretamente em toda a sua história”.

A coletiva teve um objetivo claro, colocar a faca no pescoço dos deputados e senadores. O que do ponto de vista institucional é um absurdo completo.

Há uma clara invasão de um poder na atribuição do outro. E ao jogar gasolina na fogueira, esses procuradores estão agindo de forma absolutamente irresponsável.

O Brasil vive uma crise econômica gravíssima muito em decorrência de uma crise política inflada pela forma de agir da força tarefa da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, que buscam o tempo todo por holofotes e aclamação popular.

Essa atitude é mais uma neste sentido. E é inaceitável.

Se a chantagem prosperar, a democracia é que será a vítima.