Davidson Magalhães*: Governo Temer poderá levar o país a uma depressão

Ao comentar a crise política envolta ao governo Temer, agravada na última semana com a saída do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado de usar o cargo para promover tráfico de influência, o presidente estadual do PCdoB, Davidson Magalhães, disse ver com preocupação os rumos do Brasil. Mestre em economia, Davidson acredita que as ‘fragilidades’ do governo podem levar o país da recessão a um estado mais grave, de depressão.

“As medidas econômicas adotadas vão tirar o país da recessão e vão levar para uma depressão cadavez mais intensa. A economia não só vive de expectativa, mas de dados reais, de investimento. O principal dado da economia é o investimento, principalmente na formação bruta de capital fixo. Na medida que você reduz tudo isso, você deprime ainda mais um quadro de recessão internacional”, avalia.

A adoção das medidas e a desagregação do governo – Geddel já é o sexto ministro a sair – são, para o presidente do PCdoB-BA, os sinais da falta de perspectivas econômica e política de Temer. “Ele não governa; é governado. Porque foi uma composição feita para dar o golpe no Brasil, com políticos da pior espécie, com tradição da realização do êxito político através do fisiologismo. É um projeto regressivo que jamais seria votado pelo povo brasileiro”.

Na prática, os impactos da passagem da recessão para a depressão resultarão, para Davidson, em uma alteração significativa no cenário nacional, modificado nos últimos 13 anos. “Nós saímos do mapa da fome e vamos voltar. Nós saímos do mapa dos países que não tinham alternativa de crescimento econômico e estamos voltando atrás, no que diz respeito ao desenvolvimento econômico”.

O dirigente comunista garante que o PCdoB vai continuar firme nas mobilizações contrárias ao projeto em curso e reforça a defesa de que a solução para a crise do governo Temer deve vir das urnas, com novas eleições presidenciais. “A situação é extremamente grave do governo ilegítimo. A saída que temos é, exatamente, uma nova eleição para repactuar o país através do que se tem de mais legítimo, que é o voto popular”.

*Davidson Magalhães é professor de economia da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

De Salvador,
Erikson Walla