Com recuo de delator sobre cheque, Temer não quer separar contas

A defesa de Michel Temer junto ao Tribunal Superior Eleitoral não prioriza mais a tática de dividir a chapa capitaneada por Dilma Rousseff em 2014, na ação em que o PSDB busca a cassação dos reeleitos alegando que houve abuso de poder econômico.

Michel Temer - Agência Brasil

Segundo informações da colunista Mônica Bergamo, a defesa de Dilma praticamente fez um favor a Temer: desmontou a denúncia de que houve pagamento de propina na campanha.

Otavio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, havia dito ao TSE que fez doação à campanha da petista em troca de contratos com o governo. Porém, os advogados de Dilma encontraram apenas um cheque da empresa nas contas da campanha, endereçado nominalmente a Temer. Depois disso, Azevedo recuou e disse que estava "enganado".

"O depoimento de Azevedo era o único que sustentava que a campanha tinha recebido propina. Com a nova versão, essa parte da denúncia perderia força. E a discussão sobre separar ou não as contas de Temer das de Dilma se tornaria 'dispensável', nas palavras de interlocutor do vice-presidente", escreveu Mônica Bergamo.

À coluna da jornalista na Folha desta quinta (24), Gustavo Guedes, advogado de Temer, se limitou a dizer que, "a partir de agora, 'sobressai a tese que sempre defendemos, de improcedência da ação por ausência de ilicitude'."

O processo que pode culminar na cassação de Temer em 2017 e numa eleição presidencial indireta, via Congresso, já terminou a fase de ouvir as testemunhas. O relator do caso no TSE, ministro Herman Benjamin, acompanhou 37 oitivas em Brasília, Rio, Curitiba e Fortaleza.

"Faltam agora os resultados de perícias nos pagamentos das despesas da campanha de 2014 para que o processo seja julgado. Elas podem esclarecer a segunda parte da denúncia, de que pagamentos foram realizados por serviços não prestados, caracterizando lavagem de dinheiro."