Goleira da seleção de Gâmbia morre afogada ao tentar chegar à Europa

Fatim Jawara, goleira da seleção de futebol feminino de Gâmbia, morreu há cerca de um mês, enquanto tentava chegar à Europa num barco, em busca de um futuro melhor. A notícia foi confirmada por Chorro Mbenga, treinadora adjunta da seleção gambiana sub-17. “Sua morte é prematura, nos lembraremos dela por suas atuações em campo”, disse.

Pertences deixados pelos migrantes no chão de uma das bateiras que fugia de Líbia - Emilio Morenatti/El País

O presidente da Federação Gambiana de Futebol, Lamin Kabba, manifestou sua consternação. “Estamos desesperados. É uma perda enorme para a equipe nacional e para o país”, disse numa mensagem divulgada por meio do Facebook pela Federação de Futebol da Gâmbia.

Jawara estreou na seleção sub-17 em 2012, no Azerbaijão. Até sair do país fazia parte da seleção feminina, conhecida como Red Scorpions, na qual estreou há um ano num amistoso contra uma equipe de Glasgow.

Acredita-se que ela tenha saído de Gâmbia em setembro para atravessar o Saara e rumar para a Líbia, onde a maioria dos imigrantes africanos começa a travessia marítima para a Europa. Como Jawara, mais de 3.771 pessoas morreram em 2015 no Mediterrâneo tentando chegar à Europa, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Gâmbia é um país pequeno, sua população não chega aos dois milhões de habitantes, mas de acordo com o ACNUR ocupa o quinto lugar entre os países africanos emissores de migrantes para a Europa em 2015.

O ministro da Informação gambiano alertou na semana passada sobre o “assassinato em massa de jovens imigrantes africanos em praias e águas europeias” e denunciou a falta de ação dos países europeus, que acusou de “genocídio racista”. Em Gâmbia, 60% da população vive com menos de 1,25 dólares (cerca de 4 reais) por dia, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).