Michel Aoun é escolhido para a presidência do Líbano

Aoun, chefe do bloco legislativo Mudança e Reforma, tornou-se o décimo-terceiro chefe de Estado do Líbano com 83 votos a favor, no último domingo (30) ainda que no segundo turno bastava-lhe uma maioria simples de 65 votos.

Michel Aoun

Candidato pelo bloco 8 de Março, encabeçado pelo movimento de Resistência xiita Hezbolá, o fundador do Movimento Patriótico Livre (MPL) teve que aguardar três rodadas de votação para que no parlamento e nas ruas seus partidários festejassem um anúncio longamente esperado.

Ainda que o regulamento da câmara estabeleça só duas rodadas, a terceira – que fechou com 83 votos a seu favor, 36 em branco, oito anuladas e uma para uma deputada – teve que ocorrer porque na segunda apareceram 128 votos, quando no recinto estavam 127 deputados.

Depois de votar com a urna de madeira e cristal colocada no centro do hemiciclo e custodiada por duas pessoas (nas duas primeiras um funcionário percorreu cada cadeira para que os deputados emitissem o sufrágio), obtiveram-se os 65 apoios e se desencadeou uma forte ovação dos presentes.

Aoun perdeu o primeiro turno de votação, quando terminou com 84 votos, a dois da maioria absoluta de 86.

Houve 36 votos em branco, seis anulados e um voto para outra pessoa, de um total de 127.

O candidato rival Suleiman Franjieh, líder do movimento Marada, já sabia que perderia a eleição, mas pediu a seus apoiadores que votassem "em protesto", votando em branco.

O político cristão maronita, que pronunciou um discurso emocionado depois de sua eleição, pôde materializar sua aspiração de ser chefe de Estado depois de o líder do movimento Mustaqbal, o sunita Saad Hariri, ter mudado sua postura de bloqueio e o ter apoiado.

Ainda que fosse o candidato do Hezbolá, partido rival de Mustaqbal e próximo ao Irã, Hariri retirou o apoio a Franjieh e optou por apoiar Aoun, com a garantia de que voltará a ser o primeiro-ministro.

A cerimônia de votação teve lugar no meio de rigorosas medidas de segurança, com uma destacada presença policial, forças especiais e soldados fortemente armados, que controlavam os acessos à Praça Nehme, sede do parlamento, e restringiram a passagem de alguns jornalistas.

No centro de Beirute, se concentraram simpatizantes de Aoun. Desde cedo se mobilizaram em diferentes zonas, incluídos os arredores do Palácio de Baabda, onde se localiza a Presidência.

Alguns partiram de Harek Hreik, um bairro no sul da capital, e foram para a Praça dos Mártires para festejar a vitória de seu líder depois de uma perseverante e difícil espera de dois anos, cinco meses e seis dias, que obrigou 45 convocações parlamentares consecutivas, todas fracassadas até hoje.

O triunfo era conhecido de antemão, depois de Aoun receber na semana passada uma espécie de "bênção" da Arábia Saudita, em razão da visita ao país do ministro de Estado do reino para Assuntos do Golfo Pérsico, Thamer Al-Sabhan, concluída no domingo à noite.