MAB reúne em marcha e encontro atingidos pela tragédia de Mariana

Na data que marcará um ano de impunidade do crime da Samarco (ValeBHP Billiton), quando houve o rompimento das barragens de rejeito, em Mariana (MG), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizará um grande encontro na cidade reunindo famílias de todas as regiões atingidas pela lama na bacia do Rio Doce. A tragédia é o maior desastre ambiental da história do Brasil e o mais impactante da mineração global.

Encontro do MAB um ano de impunidade da Samarco - MAB
Segundo o MAB, estarão presentes no encontro atingidos vindos de diversas regiões de Minas Gerais e de outros estados brasileiros que estarão em Mariana para reforçar a solidariedade e o empenho coletivo na luta pelos direitos.
As atividades de memória pela tragédia, denúncia da violação de direitos e fortalecimento da organização, incluirão Marcha que sairá de Regência (ES), no dia 31 de outubro de 2016 e percorrerá até 2 de novembro diversas cidades atingidas. A ideia é reunir moradores em assembleias e debates com as famílias sobre os rumos da luta popular em defesa do rio Doce e seus afluentes. Ao final haverá o grande Encontro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Mariana no período de 3 a 5 de novembro.
De acordo com a entidade, serão dias de refletir e debater sobre os reais motivos que resultaram neste grande crime ambiental, discutir um novo modelo de mineração que respeite o meio ambiente, as comunidades e os trabalhadores, pautar uma Política de Direitos que dê garantias às famílias atingidas e reforçar a animação das comunidades atingidas entre Bento Rodrigues e a foz do Rio Doce para construir o protagonismo das famílias em uma organização forte e unificada.
No dia 5 de novembro será realizado “Um Minuto de Sirene” no distrito atingido de Bento Rodrigues com a participação da comunidade bem como organizações sociais, sindicatos, ONGs, universidades, Igrejas, para recuperar a memória dos 19 mortos e da criança abortada pela lama. O objetivo é fazer ecoar no mundo a denúncia da irresponsabilidade da Samarco e das suas controladoras e reforçar que a esperança de nova vida está na união e no empenho coletivo e organizado.
Para Letícia Faria, integrante da coordenação estadual do MAB em Minas Gerais, será um momento histórico protagonizado pelos atingidos. “A sociedade precisa saber o que está acontecendo aqui e as empresas devem respeitar os direitos e a iniciativa autônoma das famílias se organizar para reconstruir a vida”, afirma.
“Ribeirinhos, agricultores, pescadores, garimpeiros, comerciantes, indígenas, moradores da zona urbana e zona rural, todos são chamados a participar, a construir este grande mutirão que busca tornar os atingidos na Bacia do Rio Doce uma só família em luta”, conclui Guilherme Camponês, atingido em Governador Valadares que também é membro da coordenação estadual do MAB.