Afegã imortalizada em capa da National Geographic é presa no Paquistão

A afegã, de 44 anos, imortalizada há mais de três décadas pelo fotógrafo Steve McCurry, supostamente obteve documentos paquistaneses para si e dois filhos após subornar três funcionários públicos, segundo uma fonte da Agência de Investigação Federal (AIF) que preferiu manter o anonimato.

A refugiada, que não tem nacionalidade paquistanesa, será levada a uma penitenciária feminina, onde aguardará uma decisão judicial. Ela pode ser condenada a até sete anos de prisão. “Pode ser que a expulsem do país”, disse a fonte da AIF. A Polícia também busca os dois supostos filhos de Gula para detê-los.

A agência federal começou a investigar o caso dela em fevereiro de 2015, num momento em que vinham à luz numerosos casos de refugiados afegãos que tentavam obter documentos paquistaneses para não serem expulsos do país.

O Paquistão abriga 1,4 milhão de afegãos registrados legalmente e outros 900.000 em situação clandestina, o que faz dessa uma das maiores e mais antigas comunidades de refugiados do mundo, num fluxo que perdurou durante todo o século 20 e que teve como seu período mais intenso a presença das forças armadas soviéticas no Afeganistão, a partir de um tratado realizado entre as duas partes, em 1979.

Esse período foi superado após a invasão dos Estados Unidos, em outubro de 2001, quando mais de 800 mil afegãos fugiram da ocupação estadunidense, muitos de maneira ilegal.

Desde o começo do ano, no entanto, 456.000 refugiados voltaram ao Afeganistão, a grande maioria nos últimos três meses, por causa de um ultimato do Governo paquistanês.

Sharbat foi imortalizada em 1984 pelo fotógrafo norte-americano Steve McCurry em um campo de refugiados da cidade de Peshawar, também no Paquistão. Seu rosto, com um lenço vermelho emoldurando seus cintilantes olhos verdes, fizeram dessa imagem um ícone da fotografia contemporânea.

Sharbat, então com 12 anos de idade, vivia em um campo de refugiados. McCurry tirou a foto quando a encontrou sem burca – dada a rara oportunidade de fotografar o rosto de mulheres afegãs (a lei afegã obrigava as mulheres a usarem a burca).

Sharbat, após a fotografia, desapareceu. Quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, a revista decidiu procurá-la. Essa procura só terminou em 2002, quando a equipe conseguiu reencontrá-la, no auge da ocupação estadunidense. Ela não sabia já aos 30 anos, da sua fama internacional.