Médicos cubanos se despedem do Piauí e governador pede desculpas

“Peço desculpas por vocês terem enfrentado algumas adversidades no nosso país. Saibam que a dor que vocês passaram valeram a pena. Vocês estão saindo daqui com um Brasil diferente”, disse o governador Wellington Dias (PT), durante homenagem a 256 médicos cubanos que atuaram no Piauí no Programa Mais Médicos nos últimos três anos. A solenidade aconteceu na manhã desta segunda-feira (24), no Palácio de Karnak.

Médicos cubanos - Divulgação

Ao saberem do retorno dos médicos à ilha caribenha, houve pacientes que choraram de emoção. “Pacientes choraram quando souberam do nosso regresso a Cuba, principalmente os idosos”, declarou Idalia Romero, 54 anos. “Eles gostavam muito do nosso trabalho. Realizamos muitas atividades: rodas de conversas com idosos, reuniões com grávidas, grupo de tabagismo,caminhadas, atividades físicas com a comunidade”, disse. “Gostaria de ficar mais tempo, mas acabou o prazo, infelizmente”, declarou o médico geral Ibrahin Gainza, 46 anos.

Segundo Wellington Dias, um dos principais resultados é que o programa está vencendo muitas doenças a partir da prevenção. A diminuição da mortalidade infantil foi outro ponto destacado por Laura Ivete Torres, cônsul cubana no Nordeste.

A médica cubana Lidice Vasquez, em discurso emocionado, contou que foi um grande privilégio trabalhar em Guaribas, a 653 km de Teresina, cidade de difícil acesso e com 4.500 habitantes. “Compartilhamos o cuscuz, o beju, o cafezinho. Começamos a fazer parte da família brasileira”, declarou.

Antes do programa, muitos municípios brasileiros não tinham acesso a atendimento médico. Guaribas era uma dessas milhares de cidades onde os gestores tinham dificuldade de fechar contratos com médicos. “O programa foi pensado principalmente para esse tipo de população”, destacou Vasquez.

Histórias

O governador Wellington Dias, a coordenadora da comissão estadual do Programa Mais Médico no Piauí, Idvani Braga, e alguns médicos cubanos presentes da solenidade de homenagem no Palácio de Karnak, na manhã desta segunda-feira (24), contaram muitas histórias curiosas, que são difíceis de serem imaginadas pela medicina tradicional brasileira.

As casas dos médicos cubanos

Dias lembrou que, por exemplo, em São João do Piauí, o governo preparou casas nos melhores bairros para servirem de moradia para os cubanos, mas, ao chegarem à cidade, os médicos fizeram questão de morar na comunidade onde iriam atuar, em casas sob as mesmas condições onde vive a população carente, sem privilégios, a fim de garantir uma maior proximidade dos pacientes, para entenderem os seus problemas de perto e também para estarem mais acessíveis à população.