Estudantes que ocupam a UFBA denunciam desmonte da educação

Os estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) lançaram um manifesto explicando as razões para ocuparem a instituição e denunciando o momento de retrocessos que o país vive. Segundo um trecho do comunicado, "a série de ataques aos direitos sociais e à soberania nacional propostas pelo golpista Michel Temer e pelo conservador congresso nacional, reforçam a impopularidade de um governo instituído através do assalto ao poder do Estado".

Estudantes da UFBA lançam manifesto denunciando desmonte da educação - Reprodução

Confira a íntegra do manifesto:

Somos estudantes, trabalhadoras/es, oriundas/os de vários interiores da Bahia e bairros da capital, unimos diversidade de gênero, sexualidades, crenças, raças, etnias. Seguimos nas salas de aula, nos grupos de pesquisas, extensões, monitorias, empresas juniores, estágios etc. Representamos a união de estudantes dispostas/os a compreender a reinvenção desta nova geração universitária, a importância de pensarmos como estamos inseridos nessa atual conjuntura interpelada por um golpe de estado, realizado e legitimado por uma direita conservadora e elitista, que tem como principal intenção retirar os nossos direitos.

A série de ataques aos direitos sociais e à soberania nacional propostas pelo golpista Michel Temer e pelo conservador congresso nacional, reforçam a impopularidade de um governo instituído através do assalto ao poder do Estado. As últimas medidas apresentadas à sociedade configuram-se em diretos ataques ao povo brasileiro, no dia 10 de outubro foi votada, em primeiro turno, no plenário da Câmara Federal, a Proposta de Emenda Constitucional de número 241, a qual visa congelar os gastos públicos por um período de 20 anos, fazendo com que as despesas primárias (saúde, educação, cultura, segurança pública, etc.) sejam estagnadas, corrigindo-se apenas a inflação anual.

Essa proposta foi elaborada pelo governo golpista de Michel Temer e agora vai para o Senado e por isso é muito importante o debate da comunidade acadêmica e a comunidade externa sobre essa PEC que vai afetar diretamente as verbas destinadas para a educação pública e conseqüentemente os novos sujeitos políticos que passam a ter acesso à universidade após fortes lutas por políticas de democratização do acesso e permanência desenvolvidos nos últimos anos. Com essa PEC serão comprometidas as funcionalidades das escolas, hospitais, universidades etc., que enfrentarão um congelamento dos investimentos em políticas públicas e a falta destas, por suas vezes, vão quase paralisar o progresso socioeconômico que vivenciamos nesses últimos anos.

A ocupação, entendida como uma das maiores forças estudantis, está atrelada ideologicamente com a mobilização para construção de greve geral em todo Brasil, de pauta principal contra a PEC 241. Mais de mil escolas secundaristas, 75 universidades e 80 institutos federais estão ocupados pelos estudantes resistentes a opressão deste governo ilegítimo.

Diante disso, entendemos que a nossa ocupação na Reitoria da Universidade Federal da Bahia reflete a nossa indignação com as ações opressoras desse governo golpista que quer cada vez mais silenciar pretas/os, trabalhadoras/es, LGBTTs e toda a comunidade periférica. Nessa perspectiva, entendemos que a nossa ocupação vai além da UFBA, buscando alcançar as periferias, escolas públicas e a comunidade externa.

Convocamos assim todas/os estudantes, trabalhadoras/es, LGBTTs, pretas/os, para juntos lutarmos pela construção da greve geral contra a PEC 241 e pelo FORA TEMER!