Para Gilmar Mendes, Bolsa Família é 'compra de voto institucionalizada'

Durante discurso em seminário Soluções para Expansão da Infraestrutura no Brasil, promovido pela Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Acmham) e pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), nesta sexta-feira (21) em São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, afirmou que o programa Bolsa Família é uma forma de comprar votos e "eternizar" um governo no poder.

Gilmar-Mendes - Agência Brasil Antonio Cruz - Agência Brasil/Antonio Cruz

"Com o Bolsa Família, generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada (com o programa)", comentou o ministro.

O Bolsa Famílai é o maior programa de inclusão social da história, sendo responsável por retirar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. O programa é a efetiva política pública que deu uma das mais importantes contribuições para uma maior autonomia dos pobres em nosso país. E, diferentemente do que diz Mendes, o programa reduziu o peso da política coronelista, pois garantiu direitos da cidadania sem a intermediação dos coronéis e dos políticos assistencialistas.

Enquanto crítica os programas sociais argumentando que é "compra de voto", Gilmar Mendes é um dos ávidos defensores do financiamento privado de campanha que é a origem dos escândalos de corrupção no país.

Na votação do Senado que decidiu pelo fim do financiamento empresarial, em setembro do ano passado, Gilmar Mendes disse que “ao chancelar a proibição das doações privadas estaríamos chancelando um projeto de poder". Para ele, "restringir acesso ao financiamento privado é uma tentativa de suprimir a concorrência eleitoral e eternizar o governo da situação”.

Ele ainda defendeu a realização de uma reforma política. "Estamos vivendo no âmbito político-eleitoral uma realidade de caos, verdadeiro caos. Nós temos que fazer uma reforma político-eleitoral", destacou ele, afirmando que a existência de 35 partidos políticos, 28 no Congresso, e que muitos deles são criados para arrecadar recursos do Fundo Partidário e negociar tempo de propaganda eleitoral. "Isso nos leva a um artificialismo", afirmou.