Aragão: Garotada do MPF não tem noção de economia

Em entrevista concedida à revista CartaCapital, o ex-ministro da Justiça e procurador da República Eugênio Aragão critica o impacto negativo da Lava Jato sobre a economia. Com larga experiência no exterior, ele diz que outros países, longe da sanha moralista que se vê no Brasil, conseguem combater a corrupção empresarial e governamental sem destruir as grandes empresas.

Eugênio Aragão, novo ministro da Justiça

No Brasil, “a gente entrega os nossos ativos com uma facilidade impressionante. Isso ocorre, principalmente, porque essa garotada do Ministério Público não tem a mínima noção de economia. Não sabem como isso funciona. Simplesmente botaram na cabeça uma ideia falso-moralista de que o país tem de ser limpo”, disse.

Aragão diz na entrevista que sempre gostou de economia. “Trabalhei no Instituto de Direito Internacional da Paz e dos Conflitos Armados em Bochum e um de meus campos de pesquisa eram os Estados falidos. Trabalhei em reconstrução estatal no Timor-Leste, com o embaixador Sérgio Vieira de Mello, o que me faz pensar em termos econômicos o tempo todo. No MPF fui coordenador da 5ª Câmara, de defesa do patrimônio público, cuidando da cooperação com o governo federal em políticas públicas de eficiência da administração.”

Ele diz que alertou, em depoimento na Câmara dos Deputados, para os riscos à economia e ao país da inviabilização de inúmeras empresas pela Lava Jato. E que ouviu algo assustador: “‘Ah, isso é bobagem, mais importante é a gente acabar com esse cancro da sociedade, porque essas empresas depois se constituem em outras’. Não é assim. A mão de obra que detém a tecnologia vai para o exterior na mesma hora, é capturada, não fica no Brasil. Para montar outra empresa com o mesmo ativo tecnológico, leva décadas.”