Um jovem de 80 anos chamado Tom Zé

“Praticamente todo ano lança um disco novo de inéditas, e já tem oitenta anos!”. Parece inacreditável que com mais de meio século de carreira, um artista ainda seja capaz de se reinventar e permanecer em voga entre as novas gerações. Mas não estamos falando de qualquer artista, estamos falando de Tom Zé.

Por Mariana Serafini

Tom Zé - Divulgação

A frase que abre esta matéria é da banda Os Amanticidas, que acaba de lançar seu primeiro disco, com a participação de ninguém menos que o aniversariante do mês: na última quarta-feira (11), Tom Zé completou 80 anos de pura música, poesia e experimentação.

O quarteto é fã declarado do músico baiano e uma das faixas que integram o disco de estreia, Os Amanticidas, faz uma “homenagem explícita ao Tom Zé”, dizem. Por isso o produtor, Paulo Lepetit, decidiu fazer o convite que o ídolo aceitou de pronto. “Foi uma experiência sensacional”.

Assim como Os Amanticidas, que no alto de seus 23 anos (os quatro têm a mesma idade) acabam de lançar o primeiro disco, Tom Zé, aos 80, também lançou um novo álbum, completamente inédito. Canções Eróticas de Ninar chegou ao público no começo deste mês.

Para os jovens músicos, é esta capacidade de Tom Zé de estar aberto ao que as novas gerações estão criando que faz dele um artista de todos os tempos e atemporal. “Nos últimos anos ele também tem trabalhado sempre com o pessoal das novas gerações, fazendo questão de se atualizar, saber o que está sendo feito de interessante por aí”.

Mas, mesmo com o acúmulo de referências que uma pessoa pode ter aos 80 anos, Tom Zé é único, “extremamente particular, inconfundível e inovador”.

Os Amanticidas lançaram seu primeiro álbum de forma independente e garantem que a paixão pela música das gerações anteriores não faz com que eles não acompanhem o que está sendo produzido agora. “Hoje é tudo muito pulverizado em cenas menores, nichos, difundido pela internet. Mas nós gostamos muito do trabalho de uma galera como Metá Metá, Siba, Passo Torto, e eles também nos influenciam bastante”.

Questionados sobre quais os discos preferidos de Tom Zé, a resposta não poderia ser melhor: “Na verdade todo mundo gosta de todos, a gente escolheu quatro diferentes só pra não repetir mesmo!”. Joera Rodrigues (bateria) prefere Todos os Olhos; João Sampaio (guitarras, bandolim e cavaquinho), escolheu Estudando o Samba; Luca Frazão (violão de sete cordas), indica Estudando o Pagode e Alex Huszar (voz e baixo) vai de Se o Caso é Chorar.

A redação do Vermelho, que também adora Tom Zé, só pode desejar o impossível: que venham mais 80 anos de genialidade.

Ouça a canção Pisadeira, Os Amanticidas: