Chile cria curso de “desprincesamento” para empoderar meninas

Enquanto no Brasil é aberta uma nova filial da “Escola para Princesas” que busca ensinar crianças a cuidar da casa, dos filhos, ter “etiqueta social” e saber se “comportar como mulheres”, no Chile acontece exatamente o contrário: uma escola que ensina o “desprincesamento”.

Escola de desprincesamento - Desprincesamiento em Iquique

Obviamente é válido ensinar crianças sobre como desenvolver trabalhos domésticos, um dia elas vão precisar lidar sozinhas com essas tarefas, mas essa responsabilidade não cabe apenas às meninas. E justamente para quebrar esses padrões de gênero é que o Escritório de Proteção de Direitos da Infância de Iquique, no norte do Chile, resolveu inovar e criou um seminário de "desprincesamento".

A atividade é voltada para meninas entre 9 e 15 anos da idade. Segundo o coordenador do Escritório de Proteção de Direitos da Infância do município, Yuri Bustamante, o objetivo é dar às crianças ferramentas para que as meninas cresçam livres de preconceitos, “empoderadas e com a convicção de que são capazes de mudar o mundo e não precisam de um homem ao lado para isso”.

As atividades são desenvolvidas em seis módulos, todas na Casa de Cultura de Iquique. Entre eixos há debates, aulas de defesa pessoal, canto e atividades manuais. Em meio a isso, as meninas são estimuladas a refletir sobre o conceito de ser mulher, beleza e felicidade sem a necessidade de um “príncipe”.

Bustamente explica que as atividades buscam “abrir espaços de discussão com as meninas sobre desigualdade de gênero, mas com elementos que elas possam identificar, para que elas tenham uma oportunidade de incorporar outros elementos na construção de sua identidade como meninas".

A primeira turma do curso de “desprincesamento” já deu tão certo que há pedidos na comunidade para o curso ser ministrado ao longo do ano.

A iniciativa é mais que necessária em um país que tem um dos menores índices de participação feminina no mercado de trabalho do mundo. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas do Chile, entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, 48,3% das mulheres maiores de 15 anos se declarou trabalhando ou em busca de emprego. A mesma pesquisa identificou que a participação masculina é de 72%.