Jornalista italiano afirma que “Mãos Limpas” não extingiu a corrupção

O jornalista Gianni Barbacetto, do jornal "Il Fatto Quotidiano" e co-autor do livro "Operação Mãos Limpas", sobre os bastidores da investigação que se tornou referência para a operação Lava-Jato, afirmou que a similar na Itália da “Operação Lava Jato” não pôs fim a corrupção no país e esta "continuou de outro modo".

Gianni Barbacetto

 Gianni Barbacetto esteve no Brasil para encerrar neste domingo (9) do Festival Piauí GloboNews de Jornalismo cujo tema geral era "Histórias do poder – Quando o repórter põe a mão no vespeiro". Barbacetto preferiu não fazer paralelos com o Brasil e se limitou a abordar a operação italiana que, nos anos 1990, revelou um esquema de corrupção envolvendo diversos partidos –e levou ao fim do sistema partidário até então existente.

Em sua exposição o jornalista afirmou que a Operação Mãos Limpas (Mani Pulite ) não acabou com a corrupção, que "continuou de outro modo". Seu principal resultado foi que "um novo sistema político se criou, construído em torno da vitória de Silvio Berlusconi em 1994" que se apresentou como antipolítico. A plateia presente acabou identificou um paralelo com as recentes eleições brasileiras e a Operação Lava Jato.

Numa outra semelhança com a situação brasileira atual, a grande imprensa italiana, em especial o grupo midiático do próprio Berlusconi (espécie de Rede Globo italiana), apoiou a operação, mas a partir de 1994 passa a afirmar que "o sistema de corrupção acabou" e, em seguida, passou a criticar a Mãos Limpas. O retrocesso se aprofundou com a revogação da legislação que permitia novas investigações dos carros de corrupção.

A projeção de um juiz em toda Itália, no caso Antonio Di Pietro, é mais uma semelhança com o Brasil. Di Pietro criou um novo partido, mas não foi tão bem-sucedido como político.