Vale-tudo: Em busca da apoio à PEC, Temer ameaça com impostos

Apoiado pela grande mídia, Michel Temer concede entrevistas para defender a aprovação da proposta da PEC 241. Nesta segunda-feira (10), em entrevista à Rádio Estadão, ele disse que o governo está fazendo de tudo para não falar na recriação da CPMF (imposto sobre transação financeira), mas se a proposta não for aprovada o aumento de impostos é inevitável.

Michel Temer - Lula Marques

“Estamos fazendo tudo para não falar na recriação da CPMF (…) Queremos, por meio do teto de gastos, evitar qualquer aumento de impostos”, afirmou Temer. A estratégia da propaganda de Temer é tentar fazer com que o povo acredite que é melhor aprovar o teto dos gastos do que pagar impostos. A lógica é mascarar a medida como se esse fosse a única saída.

Sobre a votação, Temer disse que está confiante que vai receber os 308 votos necessários para aprovar a proposta. Mas deixou escapar que não está tão fácil assim, sendo ele mesmo obrigado a ligar para tentar convencer os parlamentares.

“A classe política toda está preocupada com o Brasil, e por isso trabalhei o dia todo, liguei para alguns ditos como indecisos, e não há nenhum problema em relação a isso”, afirmou Temer, revelando que o seu governo não tem uma base aliada tão sólida como ele diz ter.

“Vamos tentar, por meio da PEC, contornar a situação, para não agravar mais os tributos no país”, disse ele, que ao ser questionado sobre se aumentar impostos é uma alternativa caso a PEC não seja aprovada, afirmou que sem corte de gastos só é possível equilibrar as contas públicas com aumento de impostos ou inflação.

“Bom, você sabe que primeiro ou você aumenta o imposto ou você tem inflação. Nós estamos fazendo tudo, você percebe, para não falar em (…) recriar a CPMF”, disse.

A presidenta Dilma Rousseff chegou a cogitar a recriação da CPMF como forma de equilibrar as contas, ao invés de cortar investimentos em programas sociais e áreas como saúde e educação. Na época, a imprensa e diversos setores do empresariado, que apoiam o golpe, chiaram. Na campanha de terror, Temer cogita esse hipótese para buscar o apoio que indica não ter para aprovação da PEC.

Na entrevista, Temer disse também que o FMI (Fundo Monetário Internacional), que desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não dava as caras por aqui, elogiou a PEC. Ele contou que recebeu uma ligação do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, contando que a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, lançou uma nota afirmando que o teto de gastos é fundamental.