Governo Temer manobra para impedir novas delações na Lava Jato

As gravações feitas pelo delator Sérgio Machado com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) deixaram claro que o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff tinha como objetivo "estancar" Lava Jato. E a conta-gotas, o noticiário vai demonstrando que essa operação pode estar sendo muito bem articulada entre as instituições e oi governo de Michel Temer (PMDB).

Temer e Alexandre de Moraes - Agência Brasil/Antonio Cruz

Há quem diga que as ações continuam sem interrupção. Isso é bem verdade, mas continuam de forma seletiva e de acordo com matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (4), vai parar por ai. Isso porque integrantes da Polícia Federal, que atuam na Lava Jato em Curitiba, disseram que não querem que a operação celebre novos acordos de delação premiada.

A coincidência está no fato de que tal decisão acontece justamente na delação da empreiteira Odebrecht, que tem entre os citados os tucanos José Serra e Aécio Neves, além do próprio Michel Temer e outros membros da cúpula do PMDB.

Oficialmente, a PF nega qualquer influência do governo. Mas o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes deixou claro que o governo acompanha de perto e minuciosamente cada passo da Operação Lava Jato ao antecipar que haveria ações da PF contra integrantes do PT, durante um comício da campanha eleitoral do PSDB Governo Temer manobra para impedir novas delações na Lava Jatona semana passada. As operações resultaram na prisão do ex-ministro Antonio Palocci.

Ainda de acordo com a versão oficial, os integrantes da Operação Lava Jato os dois anos e sete meses de operação já renderam material suficiente para as investigações e novos acordos de delação aumentariam a sensação de impunidade da população.

"A opinião da PF sobre o tema acirra a divergência da instituição com a Procuradoria-Geral da República", diz a Folha. e completa: "(…) a posição da PF contra delação premiada teria relação com algum movimento do governo de Michel Temer, já que integrantes da cúpula do PMDB, incluindo o presidente, são mencionados no acordo com a empreiteira. A PF, porém, nega qualquer diálogo ou influência do governo".

A Folha também diz que o juiz federal Sergio Moro, responsável pela processo da Lava Jato em primeira instância, também concorda que novas delações são desnecessárias. "Segundo a Folha apurou, ele vem sinalizando a investigadores da Lava Jato que nenhum preso será liberado automaticamente se sua delação for homologada."