Para dirigente, banqueiros decidiram reajustar abaixo da inflação

Na opinião do presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, os banqueiros decidiram que o reajuste será abaixo da inflação. De acordo com o dirigente, a última rodada de negociação realizada nesta quarta-feira (29) entre a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o Comando de greve dos bancários deixou claro que os empregadores politizaram a greve para tentar prejudicar os trabalhadores.

Fenaban negocia com bancários campanha salarial 2016 - Jailton Garcia/Contraf CUT

“A questão agora não é mais sobre se os bancos podem ou não atender às reivindicações da categoria. Eles não querem. Trata-se da decisão de que tem que ser um reajuste abaixo da inflação e pronto”, afirmou Emanoel.

Segundo informações da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) a greve nacional dos bancários paralisou até esta quinta-feira 56% das agências do Brasil. São 24 dias de paralisação com 13.246 agências e 29 centros administrativos fechados.

Âncora salarial

Para Emanoel, o objetivo dos bancos é derrotar uma categoria de ponta, como os bancários, o que teria reflexos nas campanhas salariais das demais categorias de trabalhadores que negociam reajuste este ano.

“O objetivo é estabelecer o que eles chamam de “âncora salarial”, com diminuição do poder de compra dos salários, para reduzir o consumo e manter a inflação sobre controle. Esta é a mesma lógica usada na década de 90 pelo governo FHC, com arrocho e política de reajuste zero”, acrescentou.

OAB e MBL

Este entendimento fica claro nas ações movidas pela Ordem dos Advogados do Brasil em diversos estados contra o direito de greve dos bancários. No Rio Grande do Sul, até uma tal de associação de donas de casa, ligada ao MBL – Movimento Brasil Livre, também entrou na Justiça para obrigar a reabertura dos bancos. Tem ainda os interditos proibitórios impetrados pelos bancos, além do assédio e das ameaças que os trabalhadores recebem dos gestores.

“Temos que resistir a todo custo. A greve agora precisa passar para um outro patamar. É preciso que os bancários tomem as ruas para ganhar o apoio dos clientes e da população em geral. A greve vai continuar na próxima semana e é preciso reunir forças para manter o movimento coeso. Todos os bancários devem participar das assembleias de segunda-feira, para que possam entender a importância de resistir às pressões do banco neste momento. Só a nossa unidade vai vencer a Fenaban e o governo golpista que querem nos impor a retirada de direitos. Vamos continuar a luta, pois só ela nos garante”, conclui Emanoel.