Dois dias antes de vazar operação, Moraes se reuniu com chefe da PF

Os fatos estão atropelando o discurso do ministro tucano de Temer, Alexandre de Moraes. Além de vazar as ações da Lava Jato em comício do PSDB, fazendo uso político da operação, Moraes se reuniu com o superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, dois dias antes de ter vazado a informação sobre a operação.

Alexandre de Moraes - Reprodução

O encontro de Moraes com o superintendente da PF ocorreu na sexta-feira (23), na sede do Departamento de Polícia Federal da capital paulista e, de acordo com a agenda oficial do ministro, durou uma hora.

Foi após esse encontro que Moraes abriu o jogo entre correligionários sobre a Lava Jato: "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim". No dia seguinte à declaração, o ex-ministro Antonio Palocci foi preso preventivamente pela 35ª fase da operação.

Diante da crise instaurada pela declaração do ministro linguarudo, Temer tentou fazer de conta que a conversa não é com ele e disse que ia chamar o ministro para uma conversa. Depois, vendo que estava chamando muita a atenção para o assunto, achou melhor adiar a conversa, já que o noticiário ficaria focado na prisão do ex-ministro do PT e não na "crise" causada pelas declarações do seu ministro. Temer, então, decidiu fazer a conversa por telefone. Em nota, a assessoria do Palácio do Planalto disse que ele deu o assunto como “superado”.

Durante coletiva de imprensa que tratou sobre a operação deflagrada na segunda-feira (26), o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula leu uma nota oficial em que afirma que a corporação não divulga informações para quem não está envolvido diretamente na investigação.

"Somente as pessoas diretamente responsáveis pela investigação possuem conhecimento de seu conteúdo", afirmou o delegado. "O Ministério da Justiça não é informado com antecedência", disse o delegando, enfatizando ainda que as datas (das operações) são acompanhadas somente pelos coordenadores. Ele acrescentou: "A PF reafirma sua atuação de acordo com o estado democrático de direito".