Lindbergh Farias: A mais ampla solidariedade de esquerda

As eleições municipais chegam a última semana com o quadro completamente indefinido: uma situação de empate técnico no segundo lugar entre três candidaturas e 40% do eleitorado admitindo que pode mudar o voto até o dia das eleições.

Jandira e Lindbergh - Foto: Francisco Poner/Cuca da UNE

O cenário aponta o senador Crivella em primeiro, com confortável dianteira, e Jandira Feghali, Marcelo Freixo e Pedro Paulo empatados em segundo lugar. Jandira e Freixo representam as aspirações de mudança, a esquerda democrática; Crivella e Pedro Paulo, candidatos que participaram do golpe contra a democracia e o governo eleito da presidenta Dilma, estão no campo de sustentação ao governo biônico de Temer. Pedro Paulo, inclusive, é o candidato oficial de Temer, Pezão e Paes.

Em 2014, fui candidato ao governo do RJ. Há muito critico os governos do PMDB na capital e no estado, cuja relação com os governos Lula e Dilma se estabeleceu na base do parasitismo, e não da parceria; fartaram-se da expansão de investimentos federais para escamotear a promiscuidade das relações com o setor privado que faliu o estado e transformou a capital no paraíso da especulação imobiliária.

Com a iminência do golpe, o "centro político" da coalizão que sustentava o governo federal guinou à direita. Temos, no Rio, 5 candidaturas que fazem parte da base de Temer e foram apoiadores do atentado contra a Constituição: Pedro Paulo, Crivella, Osório, Bolsonaro e Indio da Costa. São estes os candidatos que devemos criticar com contundência; é com eles, em especial com Pedro Paulo e Crivella, que devemos polarizar o debate.

A divisão dos golpistas na cidade, provocada pelo desgaste dos governos do PMDB e por conflitos na definição da candidatura oficial, abriu uma oportunidade ímpar para um rearranjo de forças e a construção de uma candidatura única das esquerdas na cidade. Esta era a vontade de uma imensa gama de ativistas da resistência democrática, e me esforcei ativamente para concretizá-la. Infelizmente, não foi possível. Temos, portanto, 3 candidaturas legítimas encabeçadas por parlamentares que se destacaram na defesa da democracia e dos direitos sociais. Temos também um pacto de apoio mútuo no segundo turno, e a necessidade de derrotar a direita.

Voto em Jandira Feghali, parceira de muitas lutas, liderança destacada no enfrentamento aos desmandos de Cunha na Câmara e na resistência ao golpe, por compreender que sua candidatura é a que melhor personifica o legado de Lula e Dilma na cidade. Além disso, estivemos juntos quase todos os momentos das nossas trajetórias. Entendo que é preciso construir a cidadania plena de direitos, radicalizar a democracia e impulsionar um novo ciclo, devolvendo a cidade aos seus moradores; e que a melhor resposta possível ao golpe neoliberal, corrupto e, também, machista, é eleger a primeira mulher prefeita do Rio. Mas tenho, por Alessandro Molone Marcelo Freixo, uma admiração e um respeito imenso. São lutadores, dignos, comprometidos com a mudança.

Nesta última semana, é mais do que necessário manter, como dizia Walter Franco, "a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo". Explorar as contradições das candidaturas Temeristas, enfrentá-las e denunciar seus compromissos com o capital e a negação de direitos, e manter uma relação de respeito e solidariedade entre aqueles e aquela que fazem parte de um mesmo campo político e social. Subir a temperatura da disputa entre a esquerda, neste momento, favorece um único candidato: Pedro Paulo, o maior interessado em uma guerra fratricida entre os progressistas para, calcado na máquina, arrastar sua candidatura até o segundo turno. Não podemos permitir que isto aconteça. O momento exige de nós, e principalmente das figuras públicas, muita responsabilidade. Não é hora de ataques nem de "Fla x Flu" entre a esquerda. A palavra de ordem é "paz entre nós e guerra aos golpistas"! E que a partir do dia 3 de outubro, estejamos, todos nós, unidos em um mesmo palanque para mudar a nossa cidade.