Não se pode fazer integração com desintegração, diz líder da Unasul

Nos oito anos de existência da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), o bloco ganhou notoriedade e se transformou em entidade de respeito, capaz de mediar conflitos regionais e de se levantar pelos direitos humanos. Em entrevista, Ernesto Samper – ex-presidente da Colômbia (1994-1998) e atual secretário-geral da Unasul – alertou para a crise no Mercosul e denunciou uma “desintegração” entre os países-membros.

Ernesto Samper - Raúl Palacios | La Opinión

Nos oito anos de existência da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), o bloco ganhou notoriedade e se transformou em entidade de respeito, capaz de mediar conflitos regionais e de se levantar pelos direitos humanos. Em entrevista, Ernesto Samper – ex-presidente da Colômbia (1994-1998) e atual secretário-geral da Unasul – alertou para a crise no Mercosul e denunciou uma “desintegração” entre os países-membros.

“Não se pode fazer integração com desintegração. Espero que os membros do Mercosul possam encontrar um caminho para se manterem unidos, apesar de suas diferenças, quaisquer que sejam elas”, defendeu.

Após meses de indefinição, os países-membros do Mercosul decidiram por não passar a presidência do bloco à Venezuela e repassar o exercício da função a um grupo colegiado.

A Venezuela, aliás, tem sido um dos principais focos da atuação da Unasul. “Temos incursionado na Venezuela um diálogo político entre o governo e a oposição para eliminar a violência como parte da ação política, para encontrar uma saída conjunta para o tema dos presos políticos e iniciar um processo de reexame do equilíbrio de poderes. Também temos formulado uma proposta de estabilização cambiária, de profundo sentido solidário. Seguimos trabalhando esses dois espaços”, afirma.

Ele se refere ao plano econômico que a Unasul propõe à Venezuela para tirar o país do sufoco, com sugestões como: unificação e flutuação cambial, aumentos progressivos de gasolina e eletricidade, ajustes de salários, e um programa de subsídios, por meio de cartões eletrônicos, o que visa reduzir o contrabando de produtos subsidiados, como remédios, combustível e itens da cesta básica.

Samper, que em maio deu uma coletiva de imprensa demonstrando preocupação com o impeachment de Dilma Rousseff, vem conversando com embaixadores do bloco para convocar uma reunião para tratar da questão. Em conversa com a Calle2, ele evitou entrar no assunto e se limitou a dizer que “na oportunidade, expressamos nossa preocupação sobre as garantias do devido processo no julgamento da presidenta Rousseff”.

Apesar do avanço dos governos liberais na América Latina, Samper diz que “o projeto político para uma esquerda democrática segue vigente, e o desafio para seus apoiadores é revisá-lo e adequá-lo aos novos tempos vividos na região”.

Em sua avaliação, o maior desafio da Unasul “tem a ver com a reativação econômica, com evitar o empobrecimento das pessoas que saíram da pobreza na última década e, graças a tudo isso, assegurar a governabilidade democrática no hemisfério.”