Denúncias sobre Globo, Mossack Fonseca e Brasif dormem na PGR

Denúncias sobre Organizações Globo, Mossack Fonseca e Brasif dormem na Procuradoria-Geral da República (PGR). Os documentos que comprovam o envolvimento dos donos da Globo em crimes fiscais deram entrada na PGR no dia 25 de fevereiro deste ano e, até agora, não houve qualquer movimento comunicado ao parlamentar, que estranha a morosidade no trâmite do processo

mansao na ilha

Formuladas junto à Câmara dos Deputados e encaminhadas à Procuradoria-Geral da República (PGR), as denúncias contra as Organizações Globo, a Mossack Fonseca — escritório de advocacia panamenho que abriu contas offshores que se tornaram o centro do escândalo mundial conhecido como Panama Papers — e a Brasif, que detém contrato para exploração de lojas de produtos importados em aeroportos brasileiros, serão alvo de uma cobrança direta do grupo parlamentar liderado por Paulo Pimenta (PT-RS) ao procurador-geral Rodrigo Janot. O encontro ocorrerá na próxima semana, segundo afirmou o seu gabinete à reportagem do Correio do Brasil.

No relatório, Paulo Pimenta revela, em um amplo e detalhado organograma, as conexões do esquema no qual figuram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), as Organizações Globo e a empresa panamenha Mossack Fonseca, processada em mais de 10 países do mundo por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e ocultação de patrimônio; além da Brasif e executivos ligados à Federação Internacional de Futebol (Fifa).

A Justiça mandou derrubar, mas a casa frequentada pela família Marinho continua de pé, em uma reserva de Mata Atlântica

Os vínculos societários de subsidiárias da Mossack Fonseca, apontados no documento, levam as investigações aos negócios obscuros da Fifa, passando pela Brasif, empresa usada por FHC para enviar dinheiro à jornalista Miriam Dutra, ex-amante do ex-presidente da República. O levantamento do parlamentar aponta, ainda, a propriedade de uma mansão em Paraty (RJ), “frequentada pela família Marinho, dona das Organizações Globo, e de um helicóptero também utilizado pelo clã”, afirmam as denúncias.

No organograma, que publicamos nas páginas seguintes, Pimenta reune documentos, fotografias e relatórios que desvendam o esquema que envolve desde a formação de quadrilha, da qual participaram as pessoas mais ricas do país, em conluio com tráfico de influência, na era FHC, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, sem contar outros crimes de natureza fiscal, como a sonegação de impostos na casa dos bilhões de reais.

“As conexões têm em suas pontas Mossack Fonseca, suposta parideira internacional de offshores, Brasif, Rede Globo, Fifa e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, destaca o documento encaminhado à PGR.

O envolvimento da Globo
Segundo a denúncia do parlamentar petista, “a panamenha Mossack Fonseca (também chamada de MF e Mosfon), matriz de empresas offshores, já vem sendo investigada pelas operações Lava Jato e Ararath. No mundo existem centenas, senão milhares, de empresas criadas pela Mossack Fonseca, inclusive para fins ilícitos”. Ainda de acordo com os documentos de posse do procurador-geral da República, “empresas ‘de papel’ criadas pela Mossack Fonseca auxiliaram na ocultação de fortuna de pessoas como Rami Makhlouf (Síria), Muammar al-Gaddafi (Líbia) e Robert Mugabe (Zimbábue)”. Pimenta lembra que a Mossack Fonseca teve o mesmo endereço da Brikford Overseas SA, cujo diretor é Eugênio Pedro Figueiredo, “preso em decorrência do escândalo da FIFA”.

“São muitos os caminhos que ligam a Mossack Fonseca à Vaincre LCC”, acrescenta, referindo-se à empresa que aparece para as autoridades brasileiras como sócia em um dos helicópteros utilizados por executivos das Organizações Globo. “A Mossack Fonseca é representante da Camile Services SA3 e é do mesmo grupo da MF Corporate Service4. A Camile Services SA é controladora tanto da Murray Holding LCC quanto da Vaincre LCC5. A Camile ‘tem entre seus dirigentes Francis Perez, Leticia Montoya e Katia Solano, nomes citados no escândalo de suposta lavagem de US$ 100 milhões do ex-presidente da Nicarágua Arnoldo Alemán’. A MF Corporate Service é representante legal tanto da Murray Holding LCC quanto da Vaincre LCC7. A Murray Holding LCC tem o mesmo endereço da Vaincre LCC”, complementa.

Em outro ponto levantado, os documentos revelam que “o consórcio entre a Agopecuária Veine e a empresa Santa Amália19, consórcio este que possuía o Helicóptero Augusta 109, que serviria à família Marinho, indica possíveis ligações entre a Rede Globo, a Veine e o grupo empresarial brasileiro Brasif. O consórcio Veine-Santa Amália, a empresa Santa Amália que o integra e a Brasif SA Importação e Exportação têm o mesmo endereço: Rua Margarida Assis Fonseca 171, Belo Horizonte, MG21”.

“A controladora da Agropecuária Veine é a Blainville International Inc. A Blainville tem várias ligações com a Sunset Global Services Ltd. Corp (que tem capital social de R$ 1.000,00). Ambas foram abertas pelo escritório Icaza, Gonzalez – Ruiz & Aleman e ambas têm o mesmo endereço: Calle Aquilino de La Guardia, número 8, Panamá City. A Sunset é propriedade de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás (preso na Operação Lava Jato). Já o escritório Icaza, Gonzalez – Ruiz & Aleman também aparece na constituição da Chibcha Investment Corporation, outra empresa sediada no Panamá e que tem os irmãos Marinho como sócios. Ou seja, a Agropecuária Veine seria controlada por uma empresa que, por sua vez, provavelmente faz parte de um emaranhado de offshores”, acrescenta.