Por que há bases dos EUA na Europa há 25 anos do fim da Guerra Fria?

De acordo com Willy Wimmer, ex-secretário do Ministério da Defesa alemão e ex-vice-presidente da OSCE, Ramstein e outras bases dos EUA já não garantem a segurança da Europa, servindo como trampolim para a agressão da Otan.

Base americana em Ramstein, na Alemanha

Em entrevista exclusiva à agência russa Sputnik, o político alemão contou sobre a situação das bases da Otan na Europa, em particular sobre a base de Ramstein, na Alemanha.

A partir desta base, são coordenadas operações aéreas dos EUA, incluindo as operações no Oriente Médio. No entanto, a Alemanha pode, em um prazo de 2 anos, solicitar a saída das tropas dos EUA do território alemão.

Tal acordo foi decidido na época da reunificação da Alemanha. Atualmente, segundo Willy Wimmer, "se está sendo planejada [pelos EUA] alguma escalada armada contra a Rússia, é de nossos [alemães] interesses utilizar o direito [de retirada dos EUA]".

A base jurídica sobre a presença de tropas norte-americanas na Alemanha foi criada pela Otan. No entanto, por causa da falta de ameaça russa, a necessidade de existência da Otan foi posta em causa, e desde então ela vem mudando seus ideais que vão de aliança defensiva a uma máquina de agressão.

Tal mudança pode ser comprovada pela criação de sua nova doutrina militar no ano de 1999, que mostrou seu poder na guerra da Iugoslávia.

"As bases americanas na Alemanha não se justificam nem do ponto de vista da lei internacional, nem do ponto da vista da lei alemã", declarou Wimmer.

Segundo Wimmer, o governo alemão deve saber o que está acontecendo na base militar. Ele chega a ficar indignado com o fato de que as autoridades alemãs se comportam como se não soubessem que, a partir da base militar Ramstein, são cordenadas missões de assassinato com drones norte-americanos.

“O governo federal sabe, mas tenta esconder do povo. É vergonhoso”, disse. "Felizmente, temos certeza de que ninguém na Rússia planeja invadir a Europa. Pelo contrário, a Rússia está agindo como um país confiante e soberano no que diz respeito ao seu próprio território. São os EUA que se comportam agressivamente há 25 anos".

O ex-secretário do Ministério da Defesa alemão explicou por que a Otan precisa de uma imagem da "ameaça russa": "A missão militar dos EUA em escala global está passando por maus tempos, por isso eles tentam criar uma rivalidade entre Europa e Rússia para que as pessoas pensem: 'talvez seja uma coisa boa que as bases dos EUA ainda estejam em funcionamento'. Isso mostra que somos apenas um saco de pancadas para os EUA e talvez também para os britânicos".