Bancada do PCdoB na Câmara tem 6 candidatas na disputa de prefeituras

A estrutura patriarcal e sexista da sociedade e dos partidos políticos mantêm muitas mulheres longe dos espaços públicos de poder. Nos últimos anos, o PCdoB tem sido uma importante trincheira de luta pelo empoderamento da mulher e essa luta se reflete na forte participação de mulheres nas diversas instâncias de organização do partido e na sua representação legislativa, a começar pela presidência nacional que é exercida pela deputada federal Luciana Santos (PE).

Lula almoça com bancada do PcdoB - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Para se ter uma ideia, dos 11 deputados que integram a bancada do PCdoB na Câmara, por exemplo, 6 são mulheres, sendo que todas concorrem à vaga de prefeita ou vice nas eleições municipais do próximo dia 2 de outubro: Alice Portugal (Salvador); Angela Albino (Florianópolis); Jandira Feghali (Rio de Janeiro); Jô Moraes (Belo Horizonte); Luciana Santos (Olinda); e Professora Marcivânia (Santana).

“No momento em que nós vivemos uma defensiva do ponto de vista tático, em que as forças progressistas estão sendo deslocadas para a imposição de um projeto ultraliberal, se agiganta o papel das mulheres. Toda a nossa bancada feminina ou é candidata a prefeita ou a vice, revelando uma necessidade política em acumular forças na disputa municipal, reafirmar a nossa identidade, pensamento e força”, afirma Luciana Santos, candidata à prefeitura de Olinda, em Pernambuco.

Ela afirma que a participação expressiva da mulher é resultado de uma “formulação ampla e factível”, construída ao longo da história do partido.

“O PCdoB, na formulação do entendimento das causas que levam a desigualdade a opressão da condição da mulher, conseguiu formular de maneira mais ampla e factível, sendo também um dos processos da luta de classes”, destacou.

“A partir de um conceito adequado de como tem que se tratar a luta pela emancipação, nós conseguimos construir internamente uma política voltada para estimular e cuidar para que as mulheres possam ocupar mais espaços públicos na luta política”, diz.

“Essa decisão política não é mera conduta burocrática”, explica. “É resultado de uma construção política cotidiana”, reforça Luciana, que iniciou a sua militância no movimento estudantil e, em 2000, foi eleita prefeita de Olinda e reeleita em 2004, no primeiro turno.

Sobre a sua candidatura este ano, ela afirma que acumulou experiência política e, principalmente, de gestão. “Eu, embora tivesse maturidade política, não tinha experiência administrativa quando fui eleita prefeita. Foi um processo de muito aprendizado que me ajudou a me formar, tanto politicamente, mas também como gestora. Nós conseguimos estabelecer uma relação que não foi só de aprendizado com os técnicos gestores, mas sobretudo com a população. Olinda não é fácil de se governar, mas é na adversidade que a gente se tempera”, conta.

Jô Moraes

Em seu terceiro mandato pelo estado de Minas Gerais, a deputada Jô Moraes iniciou sua militância política durante o período da ditadura militar. Hoje, candidata à vice-prefeita de Belo Horizonte, Jô Moraes ressalta que a participação política da mulher no PCdoB “não partiu de necessidades eleitorais recentes”.

“Não foi a partir de uma decisão que a lei exigia, mas da compreensão de que não haveria transformação na sociedade se não incorporasse a mulher. Essa luta, que não é de hoje, foi feita a partir das estruturas partidárias, onde um presidente, que foi o João Amazonas, se dedicava a construir um pensamento sobre a luta da mulher e como construir esse pensamento no partido. Isso ajudou muito”, resgatou.

Jô fez questão de frisar um aspecto fundamental dessa forte expressão da mulher no partido e que também marca a sua trajetória política: “As mulheres do PCdoB que chegaram à política iniciaram sua trajetória a partir da luta das ruas, seja no movimento social, sindical, estudantil ou de mulheres. Não ingressaram na política porque alguém era parente de outro alguém, mas porque havia uma liderança que fazia com que essas pessoas já entrassem na política com sua própria liderança e reconhecimento da sociedade”.

Ela conta que não foi um processo fácil. ‘‘Quando em 1985 o presidente Amazonas propôs uma cota para mulheres do corpo diplomático, deu uma tensão muito grande no interior do partido com dirigentes e militantes que se opunham por considerar que não tinha sentido. No entanto, foi uma proposta que partiu de um homem e presidente do partido, com uma liderança e respeito muito grande”, relata.

“O caminho não é apenas o debate, mas o debate conduzido pelas direções partidárias. Essa é que a diferença, pois o debate existe em todos os partidos. Tem de haver o compromisso das estruturas partidária em realizar isso”, reforça.

Jandira Feghali

Candidata a prefeita pelo Rio de Janeiro, a deputada Jandira Feghali é uma das mais influentes parlamentares da Câmara dos Deputados. Em 30 anos de vida pública, sua trajetória é marcada pela luta de emancipação da mulher, sendo, por exemplo, a relatora da Lei Maria da Penha, uma das mais importantes legislações do mundo de acordo com a ONU.

“Lugar de mulher é na política”, diz a candidata, reafirmando que a questão de gênero deve ser pauta de todas as políticas públicas para que promova uma mudança cultural, no comportamento da sociedade.

Alice Portugal

Nesse sentido, a candidata à prefeitura de Salvador, Alice Portugal destaca que atualmente um dos principais desafios de prefeituras de todo o país são vagas de creches. “Salvador precisa de mais 138 mil vagas em creches. É um problema gritante, porque 48% das famílias são gerenciadas por mulheres e esta circunstância leva a mulher a não ter com quem deixar a o filho”, pontua.

E acrescenta: “A creche é direito da criança previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, mas é também um fator de emancipação da mulher, garantindo a ela o direito ao trabalho”.

Angela Albino

Para Angela Albino, candidata a prefeita de Florianópolis, a maior participação da mulher em cargos com poder de decisão é parte do processo democrático.

“Com poder de decisão, nós podemos transformar a política em um espaço mais democrático, justo e de amplo debate”, afirma Anglea. “Dar espaço para lideranças femininas é uma das nossas principais metas quando assumirmos a prefeitura de Florianópolis”, frisou.

Professora Marcivânia

Recém filiada ao PCdoB, a deputada federal pelo Amapá Professora Marcivânia atua há 25 anos como educadora da rede estadual e é candidata à prefeitura do município de Santana. Ela destaca que o avanço da luta pelo empoderamento da mulher “é uma conquista do PCdoB que é um partido que historicamente tem incentivado a participação da mulher nos processos eleitorais e a disputar esses espaços para que possamos construir uma sociedade mais democrática”.

E acrescenta: “O partido tem buscado demostrar na prática esse compromisso de ampliar a participação feminina nesses espaços. A nossa bancada na Câmara de Deputados é um exemplo disso, que tem maioria de mulheres e todas vão disputar eleições municipais”.