Os filmes latino-americanos que vão ao Oscar

A produção cinematográfica latino-americana cresce a passos largos. A Argentina – reconhecida por sua produção excelente – já não é a única a surpreender os amantes da sétima arte. Este ano, pelo menos oito países latinos já anunciaram seus títulos escolhidos para concorrer a categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar, o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Neruda - Filme - Divulgação

No total, 44 países já inscreveram seus representantes. A premiação será realizada no dia 26 de fevereiro, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

No Brasil, o filme mais “cotado” não será o representante do país na competição estrangeira. Aclamado pelo público e pela crítica, Aquarius, de Kleber Mendonça Filho sofreu retaliações do Ministério da Cultura e foi desbancado pelo desconhecido Pequenos Segredos, de David Schurmann.

Chile

Um dos mais destacados do continente certamente é o chileno Neruda, de Pablo Larraín – mesmo diretor de No. Estrelado pelo ator mexicano Gael García Bernal, o filme resgata um período da vida do poeta e político Pablo Neruda que se passa em 1940, quando ele foi perseguido pelo governo de Gabriel González Videla por ser um reconhecido líder da oposição enquanto senador pelo Partido Comunista. 

Este é o terceiro filme de Larraín a ser indicado pelo Chile ao Oscar. Em 2013, No foi indicado, também com García Bernal, e se tornou o primeiro filme chileno a concorrer ao prêmio. Em 2015 o país enviou O Clube, também do mesmo diretor.

Cuba

Cuba escolheu El acompañante (sem título no Brasil) de Pavel Giroud. O filme já foi premiado em diversos festivais e aclamado pelo público na ilha comunista. 

A história contextualizada nos anos 90 é sobre um boxeador que tem seu destino completamente alterado ao ser pego num exame antidoping. A partir disso ele passa a trabalhar como acompanhante de pessoas com HIV. O protagonista é interpretado pelo cantor do grupo de hip hop cubano Orishas, Yotuel Romero.

Peru

Já o Peru escolheu como representante no Oscar o filme Videofilia y otros síndromes virales, de Juan Daniel F. Molero — primeiro filme peruano a ganhar o Tigre de Ouro do Festival de Roterdã, na Holanda.

O longa trata do relacionamento amoroso entre Luz, uma garota de 16 anos e Junior, um homem de 28, que se comunicam exclusivamente pela internet, sendo que Junior vende vídeos de pornô amador e tem delírios envolvendo teorias da conspiração e apocalipses.

Colômbia

Como no Brasil, a Colômbia tinha um filme “favorito” que não foi escolhido, trata-se de O Abraço da Serpente, de Ciro Guerra. Obra intensa filmada na Amazônia colombiana. Quem vai representar o país no Oscar será Alias María, de José Luis Rugeles.

O filme escolhido conta a história de uma guerrilheira adolescente em meio ao conflito que já dura mais de 50 anos no país. Segundo o diretor, a ideia é que o filme seja visto como uma “ferramenta de reconciliação” neste momento que o país está tão próximo de um acordo de paz definitivo.

Venezuela

O escolhido na Venezuela foi Desde Allá (De Longe te Observo, no Brasil), de Lorenzo Viegas. A obra recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, na Itália, em 2015 e teve grande sucesso de público no país. 
 

Traz a história de Armando, um dentista homossexual que vive em busca de homens mais jovens. A atração por Elder, o líder de uma gangue local, leva o protagonista a uma proposta arriscada. O complexo relacionamento dos dois envolve dinheiro e violência.

México

No México o indicado é Desierto, dirigido por Alfonso e Jonás Cuarón, pai e filho. A obra também é protagonizada por Gael García Bernal, que dá vida a Moisés, o líder de um grupo de imigrantes mexicanos que tenta atravessar a fronteira do país com os EUA.

“O tema do ódio ao imigrante é oportuno para o momento que vive hoje os EUA”, disse Jonás em referência ao candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, que quer construir um muro na fronteira entre o país e o México para impedir a entrada de imigrantes.

República Dominicana

Flor de Azúcar (sem título no Brasil), de Fernando Baez Mella é o escolhido para representar a República Dominicana. A obra é inspirada no conto “La noche buena de Encarnación Mendonza”, do escritor Juan Bosch.

O filme se passa em 1948, durante a ditadura de Rafael Leónidas Trujillo Molina (1930-1961), e conta a história de um camponês que foge para uma ilha de pescadores após assassinar acidentalmente um guarda abusivo.

Além destes, ainda restam 13 outros países da América Latina que podem se inscrever para concorrer à categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira, caso queiram.

Entre eles está a Argentina com dois favoritos: La Larga Noche de Francisco Sanctis, de Franciso Márquez e Andrea Testa e El Ciudadano Ilustre, de Gastón Duprat e Mariano Cohn. O país deve anunciar seu escolhido em breve.